2003-08-18

Benzocas à solta em território algarvio

Que o Algarve há já muito tempo se tornou o destino favorito da “crème de lá crème” da nossa sociedade, já todos sabemos. Prova disso são as inúmeras revistas que têm como função dar conta de onde são os sítios in, as festas badaladas, o que foi vestido e onde aconteceu tudo: e nesta altura do ano tudo acontece no Algarve! Ultimamente, até o fogo!

Esta semana começou o festival do marisco em Olhão e como não podia deixar de ser toda a fauna que nesta época paira por terras algarvias estava lá. Com a minha pontaria e karma habitual, logo tinha que ter como vizinhas de mesa (apesar de ter escolhido o lugar com uma boa meia-hora de antecedência) uns belos exemplares da espécie “tia”. Conhecem por certo... andam em grupos, todas vestidas e pintadas da mesma maneira, a falar da mesma maneira, com os mesmos gestos, obedecendo a um compromisso comportamental só visto na dita espécie.
Pelo arcaboiço do guarda-roupa, o género deve ter sido copiado de alguma revista recente do género “cor-de-rosa”, pena que elas tenham olhado apenas para o figurino da revista e não para o seu próprio reflexo no espelho!

Relembro que estamos no festival do marisco e as tias preferem batatas fritas e cachorros!?... Um dos maridos sugere uma feijoada, algo leve para uma noite quente e abafada! Mas por certo foi mais em conta que uma sapateira bem aviada! O acompanhamento e a sobremesa resumiram-se a uns belos Marlboro Light (se calhar também pensam que têm menos calorias e que ajudam a digerir a feijoada! ), com o fumo direccionado aqui para a menina, claro está. As insinuações subtis de virar a cara ou tossir caíram em saco roto. O facto de estar com alergia e me assoar a cada 5 minutos, também não surtiu efeito! E depois de tolerar uns quantos cigarros com o fumo orientado para o meu nariz, ver a cinza jogada no chão, assim como a bela beata (nova moda, nas últimas festas fashion do momento e quem sabe não está no último fascículo “etiqueta da moda” recebido), lá acabei por trocar de lugar! Felizmente que o comportamento ainda não se pega por osmose, se não ainda acabávamos todas com argolas de metro e meio, barriga a sair de tops do tamanho abaixo e com uma boca venenosa por termos perdido a capacidade de ver o nosso próprio ridículo!

2003-08-05

Portugal com cinzas no coração

Para não variar somos notí­cia no resto do mundo por motivos tristes!... E a culpa é de todos e não é de ninguém.... mas para além dos responsáveis públicos do facto creio que chegou a altura da maioria de nós colocar a mão na consciência!

Quando era pequena ajudava a minha bisavó a fazer pão. Nessa altura apenas havia fogões a lenha, toda a gente perdida nas suas aldeias apanhava a caruma e pequena lenha seca que estava à  mão de semear nos pinhais perto de casa, sempre era de borla e nunca faltava lenha para os ditos fogões!... Agora já há poucos fogões a lenha.... quem precisa da lenha para a lareira ou fogão (porque é romântico) já a compra preparadinha. Os que precisam mesmo, não têm idade para a apanhar.... e lá ficam as matas sem a limpeza que antes existia por necessidade!
Agora a guerra é quem limpa.... será que antigamente era igualmente confuso e pouco claro? Ou simplesmente nem se ligava a isso?

Perto de minha casa tenho um pequeno pinhal.... quase todos os verões arde um pouco daquela zona que por acaso até está perto de uma urbanização de luxo que gostariam de aumentar! Já pedimos à câmara uma limpeza da zona (pois pelos vistos os triciclos chegam a fazer parte da variedade de "fauna" dos nossos espaços verdes!), no entanto, a resposta que recebemos remete a limpeza para o proprietário do mesmo, que claro está é preciso descobrir!

Não é possí­vel esquecer o sofrimento e aflição de toda aquela gente que viu as chamas pela frente, que as enfrentou e que perdeu! E a sensação de passar por um terreno cinzento que apenas conheciamos verde no qual já trocavamos pensamentos de forma inconsciente com as árvores que sempre ali estiveram?!? Quem nos tira essa sensação? Mesmo que haja o cuidado de nos darem pinheiros e não eucaliptos, a terra já chorou, já está de luto e a nossa alma perdeu ligações...

Portugal queimado

2003-08-04

Este é um espaço criado para pensamentos vários.
Todos nós temos alturas dos dias em que pequenas cenas que presenciamos e que nos levam a pensar em questões um pouco mais além do que está mesmo à nossa frente. Outras alturas há em que são as notícias ou o estado da nação (tão fashion nestes dias) que nos dão vontade de poder gritar a meio mundo aquilo que nos passa pela cabeça.
Assim sendo, pode ser que este espaço sirva para desabafar e quem sabe para que alguém enfie alguns carapuços!