Desfolhada

Porque gosto, porque é uma boa canção, uma canção marcante, cantada por uma mulher forte, marcante de nariz empinado que já na altura cantou à boca cheia que "quem faz um filho, fá-lo por gosto"!
E porque me lembra o gosto e a saudade de quem viaja...
"Oh minha terra
minha lonjura
por mim perdida
por mim achada. "

até essa altura!

E se um desconhecido de repente ...

lhe encher o carro de post-it... isso é amor! :)

Embora a minha parte racional desconfie que há algo neste bouquet que possa ser menos altruísta que uma declaração de amor pública, a outra parte quer acreditar que é possível, neste ritmo imbecil, alguém se deixar invadir de tal forma pela paixão, que forrar todo um carro a dizer AMO-TE, não pareça de todo disparatado! E ser assim tão cortejada/o é de tal forma surpreendente que andar com o carro assim o dia todo, nem parece pateta!
Se o meu enredo imaginário estiver correcto, os meus parabéns aos dois personagens! :)

No ritmo da cidade ...

Por entre os horários infernais que todos acabamos por fazer... com tanta gente sozinha no carro a caminho do emprego, com o comer de pé ao balcão, tendo como companhia o Jornal, um livro ou às vezes nem isso, tenho sempre esta musica a martelar-me no ouvido...
«All the lonely people, where do they all come from?
All the lonely people, where do they all belong?»

Where indeed ...

Poupar no escrever...

Para que outros percam tempo a ler, parece ser uma trend actual! Desde a escrita xat oriented até aos acrónimos do momento, parece que qualquer coisa vale para poupar uns míseros segundos de escrita! Já o tempo que o destinatários potencialmente perdem quer no decifrar de k e x espalhados em texto que deveria ser português, ou a googlar siglas perdidas em não frases, não é relevante! Ou talvez esteja a baralhar conceitos de comunicação!...
Assim não admira que a linguagem seja uma fonte de mal entendidos!

Medir a cicatrização

Houve alturas em que sentia as feridas tão presentes que achei que por muito tempo que passasse as mesmas estariam sempre em carne viva! E não era preciso muito para me lembrar da sua presença, uma lembrança, um cheiro, uma música a lembrar um concerto que quase perdia... e toda a carne me parecia envolta em sal!...

Ao ouvir a Marisa, contente apenas pela canção, senti, para além de saber que às vezes já nem das cicatrizes me lembro!

A luz que não te abrange...

Às vezes acho que estás no meio do breu, de tal forma embrenhado, que nem dás conta que te basta esticar a mão para tocar na janela que pode finalmente fazer entrar a luz ...
Há alturas em que tenho ganas de te gritar onde está a janela, mas de forma semelhante aos personagens de um filme, que não ouvem os nossos avisos, pelo simples facto que não estão ali, também tu não ouves, ou pior, não queres ouvir!
E vou-me resignando ao papel de espectadora, aguardando o desfecho da trama, na esperança de ver entrar a luz a qualquer momento, não porque a fita chegou ao fim, mas porque percebeste o quão fácil é esticar o braço, o quão fácil sempre foi, na verdade!

O peso das coisas sem ti ...

Chegar a casa e não aguentar o peso da armadura que me obriguei a carregar...
Sentir o peso da mesma, como se do meu próprio esqueleto se tratasse e não tivesse outra escolha que não fosse a de a carregar comigo!
Não poder com o peso do dia, da máscara e de mim mesma, e não te ter para me ajudar a libertar dos ferros, para me fazer ver que as feridas podem sempre ser limpas, saram e não fazem parte de mim... deixa-me a olhar para chagas que não me largam e apenas me lembram que amanhã é novamente dia de batalha e que não posso largar a armadura!

Presenciar o diferente

Infelizmente, nem todos os dias podemos assumir o diferente na nossa pele, no nosso dia... são os dias, as fases em que ser soldadinho de chumbo parece ser o único papel possível para conseguir colocar um pé à frente do outro e chegar ao dia seguinte.
Felizmente, mesmo nesses dias, quando menos esperamos há uns de entre nós que sem medo do ridículo nos dão um cheiro do espaço que poderíamos alcançar, se não estivéssemos todos tão distraídos a marchar! Tal como o senhor que à beira da praia na marginal se passeava apenas calçado e de boxers, com a roupa debaixo do braço, a olhar para a praia, enquanto nós, soldados, voltamos a casa nas nossas latas, cheios de calor, a maioria sem capacidade de realmente o ver!
Mas eu, que apesar de tudo ainda o consegui de facto ver, queria apenas deixar-lhe um Obrigada!

Precisamos sempre de conseguir espreitar para o céu azul!

Há alturas em que o tempo parece correr a uma velocidade diferente da minha, chega mesmo a mover-se num turbilhão à minha volta, de tal forma que o ar ganha uma cor própria! Uma vezes parece apenas varrido, como se uma rajada por ali passassem, outras juntam-se nuvens negras e todo o céu enegrece!
É aí que me lembro de espreitar pela janela onde estás. Aí consegues sempre que veja a luz do céu azul!

So close, so far

Não gosto desta correria de dias, em que a velocidade à qual os mesmos passam por nós, mesmo quando sei que não estás longe, é como se o tipo de desencontros fossem os mesmos deste vídeo. A sede de te encontrar tem a mesma presença, a mesma intensidade!

Se os fantasmas são nossos...

não creio que exista alguém que os apague por nós!
Os meus fantasmas embora por vezes me assombrem sem perdir licença, não deixam de sfoer meus e por isso mesmo, à sua maneira, foram também eles a conduzirem-me pela estrada que me tem conduzido!

O predador em mim

É invariavelmente quando deixo o predador a descansar que ele mais falta me faz. E embora apenas o considere uma pequena parcela de mim, há alturas em que descubro em que é esse pequeno pedaço que ruge, que controla a tensão em todo e qualquer músculo que me traz de volta ao resto de mim, quando as caçadas parecem inglórias e sem fim! E é já no pôr-do-sol desses dias, quando de estômago colado às costas, me preparo para o deixar descansar que não posso deixar de pensar que de talvez a parcela não seja assim tão pequena quanto isso!