2003-11-26

Trinta e uns

Não sei se toda a gente é como eu, mas eu sou ligeiramente distraída. É fácil aleijar-me sozinha sem esforço de maior. Quando estou em casa a fazer as coisas mais corriqueiras, dou por mim quase a dar trambolhões valentes ou coisas piores e acabo quase sempre a pensar: “um dia destes aqui sozinha, ainda arranjo um trinta e um!”
Desconheço a origem da expressão, mas que ela me assalta o espirito muitas vezes, dado ao número de situações de “quase desastre” que provoco, assalta!
Esta manhã, no meio do meu bailado a trinta e uma velocidades, cheia de sono mas convicta que me ia despachar mais ou menos à mesma hora apesar de ter o dobro das coisas para fazer antes de sair, não consegui encontrar o meu spray para o nariz, que ponho invariavelmente sempre no mesmo sítio! Nem se quer estava caído por perto! Só podia ter acontecido uma coisa: “os meus gatos!” Claro! Resolveram jogar futebol com o raio do spray que agora está enfiado debaixo de qualquer coisa, sei lá eu onde!
Comecei a cruzada desesperada, a procurar em todos os cantos de rabo para o ar o maldito do spray e a resmungar a torto e a direito com os meus gatos que já estavam debaixo da cama a olhar assustados para mim!
Já a maldizer o meu fado, com todos os meus trinta e uns e situações estrambólicas que arranjo, abri uma gaveta num acto de última esperança e lá estava o raio do spray! E é obvio que estava lá das minhas mãos! Os meus gatos são artistas, mas não tanto! É claro que acabei a manhã a pedir-lhes desculpa!...
Acho que os meus piores trinta e uns são mesmo aqueles que a minha cabeça me provoca!