2006-11-29

Sprint final

(alguem me explica como se escreve portugues num teclado americano que tem a total ausencia de todo o tipo de acentos???!)

So vou poder rever isto quando tiver com o meu portatil! Pedimos desculpa pelo incomodo...

O meu subconsciente e um tipo tramado. tem a mania de ser ainda mais control freak que eu, o que para comecar nao e dizer pouco! Na noite anterior, depois de uma bela carga de nervos, onde eu ja estava aflita qb a pensar que em menos de dois dias ia ter que ter a mala pronta para Barcelona e deixar todos os fogos apagados antes, ele resolveu nao me deixar dormir seguido. Acordava-me de tempos a tempos, como quem apenas murmura, sem dizer o que quer dizer. E claro que isto de nada me valeu. Em primeiro lugar, nao dormi como deve de ser e em segundo, nao percebi o que raio ele me quis dizer!
So de manha, ja a espera do comboio, se fez luz: eu tinha 2 dias e meio de conferencia, nao um e meio! Porra! O que queria dizer que tinha ainda que apanhar o voo no mesmo dia sem mala feita! Bonito! Como se ja nao fosse mau o suficiente arranjar voo com dois dias de antecendecia, fico com nenhum dia de antecedencia! E era escusado ligar logo para o escritorio: demasiado cedo! So ha uma coisa a fazer: agarrar no bloco e fazer a lista para ver se no meio do stress, nao fica nada importante em terra como a roupa interior, por exemplo!

Chego ao trabalho, a secretaria, ainda nao esta, o que da sempre jeito nestas alturas! Aviso o chefe que me enganei e que tenho que sair ainda hoje... Respondo ao mail de disponibilidade do voo a dizer que me troquei e que ou saio hoje ou amanha de madrugada!... Felizmente havia vaga para sair pelas 19h30m de lisboa, o que com o check-in, mala, deslocacoes, etc, ia dar uma tarde animada. Se juntarmos a isto, a capacidade organizacional tuga, da uma bela mistura e nervos na barriga, a espera ate as 15h para verificar que estava tudo ok e que podia ir a correr fazer a mala, nao sem antes ligar de 30 em 30 minutos, deixar recados e mandar mails com vontade de perguntar se estavam todos parvos ou nao sabiam contar tempo!...

Mas ja ca estou, depois de uma noite num belo quarto de um hotel 4 estrelas, a escrever de um portatil americano imbecil que ja me fez escrever mais de 10 vezes [ ou { que e onde deviam estar as teclas com os acentos!... E apesar da descarga, sabe bem nao estar em lisboa, ter os histericos a ecoar la longe, onde nao os oico...

2006-11-27

E agora, respirar!

Uma pessoa tenta sair cedo de casa, cheia de boas intenções... a fazer contas de cabeça logo pela manhã: chegar, cedo, despachar as cenas problemáticas de modo a embarcar tranquila na quarta-feira, caso os deuses do olimpo lá do sítio assim o decidam.. E nestas alturas, o S.Pedro, que é um gajo cheio de humor, manda um boa chuvinha e todas as boas intenções ficam a fugir para o “fora de prazo”!

Como sou teimosa, continuo manhã fora cheia de esperança de tratar da saúde a meia resma de pedidos pendentes, com energia tipo furacão, à espera, erradamente, claro está, que o resto dos que transitam à minha volta, me acompanhe! Numa segunda, numa semana de 4 dias?!É já a seguir! Ou seja, o furacão acaba por se esfumar depois de embater em 50 paredes inamovíveis!

E à tarde tenho a confirmação para embarcar, mas o gás já fugiu todo... e agora o novelo de pendentes já passou pelas mãos de uns gatos brincalhões e o número de fios puxados não pára de aumentar de cada vez que tento pegar nele de outro ângulo! Já estou a entrar n fase de me apetecer dizer asneiras!

Consigo sair, entrar na piscina para ser corrida 10 minutos depois por um bando de chavalos a ter aula!

Vou às compras e pareço uma louca pelos corredores fora, qual corretor de bolsa de hollywoood! Meter o carro na garagem, atender mais umas 10 chamadas, fazer o jantar, ver o mail do trabalho, só para confirmar que louca não era eu... e agora desacelerar, respirar, voltar a mim e poder adormecer sem pensar no novelo, que invariavelmente está e ficará à espera de ser desembaraçado por mim!

2006-11-23

marcas


Não me recordo do principio,
lembro-me dos preparativos,
da cruz e mesmo os pregos.
sempre com mesma calma que tive desde o inicio

Enquanto tudo arranjava,
e apenas no paraíso pensava,
preço pouco me aparentava,
ver que ao crucifixo a mim mesma condenava

Quando para ti olhei,
tudo ficou negro em meu redor,
e num arrebatamento de dor
as chagas que me esperavam vislumbrei.

E enquanto não fui vencida
pela imagem da terra prometida,
o teu calor bastou para a cruz não me arrastar!

Na ânsia do sacrifício,pelo direito ao paraíso,
castiguei-me não partilhando o momento contigo.

Ainda hoje carrego as marcas dos pregos que insistem em não fechar,
como paga de um oásis que nunca cheguei a alcançar!

2006-11-21

A minha liberdade termina...

...onde começa a dos outros. Para uns mais que outros.... Há dias em duvido que isto ainda exista na cabeça de alguém.

Desde pequena que me lembro de ouvir a minha mãe dizer isto. Quase em jeito de ladainha, não fosse eu esquecer-me do assunto. Talvez por isso, entre alguma ditadura na altura certa, não precise que me estejam constantemente a dizer o que fazer. Eu própria, me coloco os freios que considero necessários, imponho-me patamares etc...

Hoje por exemplo, no raio da aula de dança, quando me calhou o velho a mandar palpites sobre um passo, com o seu hálito podre regado a tabaco, não o mandei ir pastar ou ver-se ao espelho. Respirei fundo, resolvi não me chatear e dançar com a cara virada de lado. Afinal, quanto tempo se pode esticar uma música?:)

E depois há uns imbecis que por falta de chá na hora certa, resolvem mandar pedradas à janela do comboio para a malta gritar lá dentro, como se não bastasse estar a voltar a casa tarde! Aí, uma democracia musculada em que eles levassem também com uma pedrada nos cornos, era capaz de funcionar! A esta altura do campeonato, não me parece que cantilena liberdade, faça o truque!

2006-11-18

O humor retorcido do senhor lá de cima

Aqui há uns meses tentei inscrever-me numa viagem ao Butão. Como levei algum tempo a fazer as contas e decidir-me, quando cheguei a enviar a intenção de inscrição, já não havia vagas, mas poderiam haver desistências, como há quase sempre. Passou, Agosto, Setembro e sempre que perguntava por desistências, não havia nada!

Acabei por me esquecer do assunto, tenho n cenas para tratar no trabalho, um congresso para ir, um concerto de uma amiga para ver... E estes imbecis a 4 dias da viagem mandam um SMS a dizer que houve 2 desistências??! Quando sei que não me vou libertar a tempo??! Que raiva!

Espero não fique assombrada com isto muito tempo...


2006-11-17

Por falar em abortos...

Sim, temos o aborto que é a ordem dia! Para quando o referendo, em que moldes, etc...

E depois temos os abortos que se revelam neste processo todo, seguindo o sentido figurado do termo!

Eu não gosto de extremistas. Tipicamente, qualquer ideal quanto levado à frente a todo o preço, faz com que as pessoas percam a razão. Eu acho tão imbecil quem acha que é bom que se possa fazer abortos, como se hoje me dia não houvesse já formas suficientes para o evitar, assim quase tipo linha de montagem, como acho quem não o fazendo, não tem problemas em despejar os recém-nascidos no caixote do lixo, afogá-los, etc! Ou talvez seja melhor, esperar que estejam em casa para os matar à pancada!

Geralmente, quem mais apregoa o contra, são as mesmas «senhoras» cheias da guita e que os vão fazer lá fora, porque podem, e desta forma as amigas não sabem e podem assim continuar a vender a sua imagem de imaculada! Andava eu no liceu, quando uma tipica menina da linha comentava de forma não muito discreta, que já tinha feito 3 abortos, numa altura em que o sexo para mim era algo que ainda estava a anos luz! E o que mais me impressionou no discurso não foi a realização dos abortos em si, mas a displicência com que foi dito, como quem comenta algo de muito chato e corriqueiro!

E esta semana, quando nas notícias oiço o honorável José Ribeiro e Castro do PP dizer algo cuja linha de raciocínio era mais ou menos: "Achei muito estranho que o senhor primeiro ministro se defina como sendo pela vida, quando está a avançar com o referendo a favor do aborto!"
Mas será que alguém com os alqueires bem medidos acha que o ser a favor do aborto é querer que toda a gente os faça, ou impedir nascimentos da todo??!! Já não era tempo de aprendermos a ser um bocadinho mais equilibrados nas questões?
E esses senhores que tanto dão pelo movimento da vida, já visitaram orfanatos, casas de acolhimento para crianças maltratadas? Já se aperceberam que se não fosse alguma da boa vontade que ainda existe nalgumas das pessoas que trabalham nesses sítios, ninguém se aperceberia das doenças ou problemas dessas mesmas crianças?! E que fazem eles com o seu dinheiro bem guardado e investido? Apoiam essas vidas todas? Não me parece!

Raios parta a hipocrisia!

2006-11-16

O embalo da dança

Esta semana já consegui ir à aula. É claro que est semana tudo se passou um pouco ao contrário! Com receio dos atrasos de comboio, fui de boleia, já que íamos todas para o mesmo sítio e tive que apanhar um trânsito descomunal! A ironia dos deuses não podia faltar!:) Mas lá acabámos por chegar, apesar da aula já ter começado.


Eu adoro dançar! Dizia-me a minha avó que eu fiquei com o bichinho da dança pelo lado do meu avô e eu gosto de pensar que sim! É um pouco como guardar em mim mesma, parte dele e ter sempre comigo uma lembrança gravada do espírito dele!


Estava curiosa, uma vez que nunca aprendi nenhuma dança africana. Gostei daquele efeito de “soltura” que ganhei depois dos cinco minutos iniciais onde apenas marquei o tempo nos dois passos base. Foi um pouco como quando nos dão a provar algo que já nem nos lembrávamos de gostar e redescobrir o paladar novamente!


Quando me calhou dançar com o professor, dei por mim a ter que calar a minha parte educada nas freiras, esquecer a proximidade com todas as conotações parvas que me podiam atravessar o espírito naquela altura! Cada vez que a deixava ganhar espaço só ouvia o prof a dizer, está com atenção que vais sentir o movimento, é só seguires e vir comigo. Se deixasse que o diálogo das grilhetas continuasse, o mais certo era além de não perceber nada do movimento, ainda me irritar comigo à conta do assunto! Assim que mandei esse lado embora, fechei os olhos durante um breve momento e realmente senti, que era só “ler” o movimento do corpo e seguir. Pudessem tantas outras coisas ficarem resolvidas a esta simplicidade!

2006-11-11

O que farias, se ganhasses? ...

Bom, no seguimento do post do Tiago e pegando na conversa que tive no almoço de ontem. Não sei tudo o que faria, mas há coisas que sei que não deixaria de fazer...

Depois de pagar as dívidas todas e já agora tratar de uma casinha mais à maneira, ia descobrir quanto investir de modo a ter “salário” garantido.


Depois acho que me ia saber bem arranjar uma maneira de me despedir com um “bang”! Assim algo que deixasse os grandes chefes de boca aberta em tempos vindouros!:D


Partia de mochila em expedições daquelas que devem ser impossíveis de esquecer. Butão, Terra do Fogo, India, Japão, quase todo o lado desde que a malta lá do sítio não estivesse numa de andar aos tiros!


Adoraria ajudar a proteger as espécies em vias de extinção, de preferência, os grandes felinos que acham que têm uma aura especial.


Gostava de ajudar a ONU...

E depois adorava pegar no meu sonho do “orfanato perfeito”! Imagino-o uma espécie de quinta grande com imensos animais: cavalos, patos, coelhos, burros, cães, gatos.... A casa era grande... muitos quartos para as crianças não estarem ao monte em camaratas e terem a noção do seu espaço. Ia estar sempre presente algum pessoal médico. Pelo menos até ao final da primária, todas as aulas seriam lá dadas. Haveria uma componente de ajuda na quinta, a tratar dos bichos, das flores, das árvores... Algo que mesmo que ninguém aparecesse para os adoptar, eles não se sentissem como o “artigo mais manhoso” do armazém! Claro que tudo isto tinha que ser bem longe de qualquer centro urbano...
Até vejo a cor da casa, o jardim, os quartos... na minha cabeça todas s pessoas que lá trabalham são fantásticas! É como se fosse mesmo capaz de funcionar! Quanto custará um sonho assim?


2006-11-09

Nem sempre os deuses estão loucos

Creio que uma boa parte de nós tem dias em que a cama tem só lados esquerdos. Nesses dias, achamos que os deuses tiraram o dia para mangar connosco. Provavelmente a TV Cabo lá do sítio não está a dar nada de jeito e na procura de entretém, escolhem-nos como vítimas de um qualquer enredo, que só nos faz praticar um pouco do desporto nacional preferido: a choraminguice! Acho mesmo, que parte do entretenimento que lhes fornecemos, e falo por mim, está relacionado com os filmes e resmunguices que fazemos quando nos sentimos alvo da chacota divinal!

Na passada terça, tive um desses momentos. Depois de um dia que me deixou KO, sem conseguir explicar exactamente porquê, saí para relaxar uns minutos, lanchar com uma amiga para ir a correr experimentar um novo tipo de dança, já meio como se fosse castigo porque me sentia naquela fase de “não posso com uma gata pelo rabo”, eis que o universo conjura e os comboios têm uma traquitana, ninguém avisa ninguém, a vontade de ir para casa, tomar banho e vestir o pijama crescia a ritmo exponencial! A dança ficou para segundas núpcias e o lanche nem se fala! Já era quase tempo de jantar! Na minha cabeça moía uma lenga-lenga daquelas de disco riscado onde me repetia: “o raio dos deuses não querem que eu vá dançar, é sempre a mesma coisa. Por muito que tente voltar aos hobbies, parece quase sempre impossível! Etc. …”

É claro que no dia seguinte, quando me disseram que não houve aula nenhuma devido a uma invasão de tropas americanos a dar para o xunga, não pude deixar de sorrir e ter que admitir que pelo menos desta vez, os deuses foram amiguinhos!:)

2006-11-06

O que trazem as trovoadas...

Creio que as trovoadas com os relâmpagos a rasgar o negro da noite pertencem aquele universo que de uma forma ou de outra nos colocam na nossa dimensão diminuta. Um pouco como gente pequena novamente!

Hoje saí para a varanda para estender roupa apesar do tempo já que a roupa no alguidar também não me ia servir de muito. Desta vez, ao contrário do que é habitual, saí sem nenhum felino no encalço e nem precisei de fechar a porta à pressa. Geralmente já dispensam a chuva, mas acho que acompanhada de uma barulheira infernal é coisa que nem sequer querem ver de perto.

Enquanto estendia o raio da roupa. Perdi a conta das vezes que me encolhi por instinto enquanto o ribombar parecia ecoar mesmo por cima de mim... e isto apesar de ver a luz branca dos relâmpagos.. acho que é daquelas coisas que não se controlam.

E ao pensar nisto tudo vieram as saudades. As saudades daquele abraço por debaixo dos lençóis que sabe bem e que me faz pensar que naquele instante os trovões estão longe e por muito que me ecoem nos ouvidos, estar ninhada com a cabeça apoiada naquele ombro, com o nariz encostado aquele pescoço a guardar mais uma vez o cheiro, não estremeço nem uma vez!

Onde anda esse abraço?

2006-11-04

Pontaria...

... desgraçada!

Eu pertenço aquele universo de pessoas que geralmente tenho sempre uma pontaria desgraçada! Como na altura em que resolvo fazer alguma representação mímica, é quando o visado olha ou quando o chefe volta para trás! Quando resolvo fazer um movimento de guarda-chuva à musical é quando surge alguém do nada para poder levar com ele na caixa dos pirulitos! Às vezes acho que é uma espécie de dom, porque não faço esforço algum: simplesmente acontece!

Como sou um bocado distraída com as notícias, ainda não tinha tido conhecimento da morte do Bruno Carvalho! Hoje ao receber a newsletter da Papa Léguas, fui ler a notícia. E depois, à laia de comentário meto-me com um conhecido no messenger, que sei que gosta de escalada, naquela de “foge, grande cena!:(“ E chega algo como, pois e era meu amigo! E que faço eu com a cara de tacho com que fico, tipo murro no estômago?

Porque não me dá para ter pontaria no raio do euro milhões, em alternativa??!

2006-11-02

Os diferentes lados do comboio

Durante o verão e refugiando-me na desculpa de estar a fazer horários chanfrados, ia sempre (ou quase) de carro para Lisboa. É claro que o próprio facto de ir de carro potenciava as saídas fora de horas, mas quando se está no meio de um ciclo vicioso, por muito imbecil que o mesmo seja, nem sempre nos damos conta do mesmo.

Com a rentré, o aumento do caudal do trânsito, juntei a minha decisão de reconquistar o meu tempo, e voltei ao bom e velho comboio. Voltei a ter tempo de andar sempre com um livro atrás, a juntar música, quando há demasiados loucos com o botão de volume avariado à minha volta que me dificultam a progressão da imaginação enquanto leio. Confesso que já não me lembrava do gozo de andar “preocupada” em planear o próximo livro que vou ler, porque os vou despachando alegremente! É quase como andar alegremente entre mundos: o que vejo na cabeça enquanto vou no comboio e o outro que está à minha espera regido por relógios de pontos!

Hoje, ao sair, estava uma chuvinha jeitosa lá fora, luzes de travões em todo o lado e ao atravessar a rua, com o casaco fechado não pude deixar de sorrir enquanto me via já sentadinha no comboio com o livro aberto! E de facto, depois de ter feito um pouco de tempo na papelaria, já estava a ler o livro que comecei hoje mesmo. Não muito tempo depois, dos meus ouvidos quase estalarem e instintivamente, encolhi-me e quase saí do banco no reflexo de me baixar (o instinto é de facto uma coisa espantosa) um parvalhão qualquer no meio do percurso devia estar a jogar o vamos ver se acerto na janela do comboio com o calhau que tenho na mão! Nem me apercebi logo do que tinha sido, só quando saí da posição contraída, é que me apercebi que o vidro do outro lado do comboio estava completamente raiado como um sol a brilhar onde o centro era por certo o sítio onde a pedra bateu. Acho que se tenho estado daquele lado, ainda me tinha deitado no banco, à filme!

Troco de comboio e eis que tenho que optar pelos phones pois numa das pontas da carruagem está um velhote que mal se tem nas pernas e a julgar pelo enrolanço da língua já não estava sozinho e a mim não me apetecia estar a fazer um esforço extra para ajudar a minha imaginação no acompanhar das letras. Mas como tenho uma espécie de íman para os cromos difíceis da caderneta, foi exactamente a mim que o homem veio perguntar se estávamos na estação onde ele queria sair. É claro que fiquei intoxicada com os vapores que emanaram da boca dele e nem sem os phones e com toda a minha atenção, aquele articular de palavras começou a fazer sentido! Felizmente para ele, estava perto de mim alguém com o ouvido já treinado e eu lá consegui confirmar que sim, que podia sair! E lá saiu a gritar com meio mundo para que saíssem à sua frente a arrancar sorrisos a quem entrava e virava a cabeça para confirmar a cena! Chiça! Pelo menos agora, o livro volta a ser totalmente meu, enquanto o comboio continua a deslizar pelas estações indiferente ao piso molhado!

2006-11-01

E já agora, o rabinho lavado com água de rosas, não?

Como me dizia um primo do meu pai: fazer as coisas bem tem aquele efeito boomerang de mandar sempre mis trabalho para cima de nós! Já devia ter aprendido, mas por alguma razão que me escapa, tenho um bichinho cá dentro que não me permite deixar pontas soltas que sei que me vão assombrar depois, seja em que patamar for: trabalho, amigos, amores... É claro que por vezes dou por mim num corrupio sem fim porque de forma automática estou a fazer as bainhas que encontro soltas à minha frente, quando às vezes já são do vizinho do lado! E como somos o que em parte de forma inconsciente, chamamos para nós, tenho resmas de telefonemas de trabalho porque dou sempre o jeitinho, porque sei quem resolve, porque faço PR se for necessário e as coisas aparecem feitas! E ai de mim que responda algo como “tá aqui a cana, vai pescar, porque já dizia o outro não lhes dês peixe, ensina-os pescar!” É que não é por mais nada, mas vocês são mais velhos que eu, façam-se à vida caneco!!

O meu karma é de tal ordem que mesmo nos momentos em que desligo como hoje e saio cedo depois de um dia inteiro de reuniões para ir a uma aula de dança, sou bombardeada com cenas de novela mexicana de má qualidade de gente que dormiu na forma e agora quer o rabinho lavado com água de rosas!! E eu sem paciência, quando cansada do ginásio, tenho que ir à procura de uma das gatas não aparece porque está com uma crise de nervos e me deixa quase à beira de um ataque de choro, ainda tenho de estar a ouvir a continuação dos capítulos da dita novela, enquanto penso que o que esta gente precisa é da providencial lambada nos queixos para abrir a pestana! O que é triste é chegarem a esta altura e ainda terem falta da dita!