2006-12-26

A origem das lágrimas

Sempre fui uma maria chorona.

Pertenço aquele universo que chorou e chora com o bambi. Que já em pequena não conseguia perder um episódio da Candy Candy, mas chorava baba e ranho ao fazê-lo, como se o conceito de nada daquilo ser verdade, não tivesse a miníma importância. Desde que eu o visse como uma verdade próxima, estava tudo estragado!

Ainda hoje, a menos que faça um exercício mental antes, do género “não chorarei em frente a esta gente”, lá vem a torneira, muitas vezes sem aviso prévio!

Há aquelas lágrimas que nascem tranquilas nos olhos, quase sem darmos por elas, são as discretas, mas compatível com o meu exagero, quase todas as minhas lágrimas, sacodem-me o corpo e a alma, o que em certas alturas me leva a ter que dominar o choro, naquilo que chamo: “engole o choro, parva!”. É como se eu só tivesse uma posição para sentir e o volume está no máximo!

Há lágrimas que chegam porque por algum motivo me coloco no centro de um drama e tenho que o carpir para ver se saio dele, como se todos os soluços o empurrassem para fora, como se aquele sacudir que vem das entranhas tivesse o seu quê de mágico. Embora a maioria das vezes ache que apenas consigo que o cansaço chegue mais depressa, anestesiando tudo o resto...

E depois há outras lágrimas que vêm quando o corpo já não se consegue exprimir de mais nenhuma forma, como se fossem a extensão da dor ou do prazer supremo! São as que chegam quase de emboscada e que nos deixam sem espaço para as justificarmos!

2006-12-19

Pequenos nadas que mexem nos pratos

Hoje foi um daqueles dias em que o regresso me saiu furado e ainda assim, correu bem. Perdi o comboio não por estar atrasada, mas porque a sinalética que habitualmente indica os minutos de atraso do comboio que me dariam tempo para comprar um novo bilhete, pelos vistos passaram a ter um qualquer outro significado. Talvez contem os minutos que faltam para o comboio, não vá a malta não conseguir contá-los de cabeça!

Resolvi apanhar um autocarro que deu mais voltas do que eu estava à espera, e nem podia ser de outra forma, claro está! Mas serviu para começar a aplicar as minhas resoluções para 2007 e saber que tenho possibilidade tangível de voltar a fazer teatro. E só esse cheirinho, próximo chegou para me fazer sorrir de mim para mim, como se fosse um bom augúrio para todos os meus planos para o ano que vem!

E depois o descobrir que vou receber uma encomenda surpresa, que embora saiba que deve ser de um fornecedor em jeito de passar a mão pelo pêlo, mas devido ao secretismo utilizado, imaginei logo um pacote espampanante a chegar e a fazer todas as cabeças virarem pelo edificio a fora!:)

E com duas coisas tão pequenas, fui alegre pelo caminho fora, apesar de não ter lugar sentada durante um bocado, ter perdido a aula de dança que queria e resignar-me à compras de natal em falta que, a combinar com o resto, nem correram nada mal.

2006-12-18

No desiquilíbrio dos pratos

Na maioria das vezes gosto de pensar em mim como alguém que segue à risca o “antes morrer de pé, que viver de joelhos”. E a maioria das vezes, acho que o consigo, embora por vezes não saiba bem como. É quase como estar pré-programada para sair ao ataque, à luta... Mas depois há vezes em que vindo do ar vem um daqueles pontapés sem aviso prévio e lá vou eu ao tapete! Sem saber bem de onde veio aquela bota bem puxada atrás... e de um momento para o outro volto a um tamanho minúsculo, como que abandonada numa sala escura, com um peso nos ombros e sem me conseguir mexer e sem perceber o porquê!

E mesmo com a música que trouxe, todas as letras têm uma passagem qualquer que reforça esta sensação imbecil. Como que uma vontade enorme de ter alguém à mão e sentir que não há ninguém...

E depois ouvir uma daquelas histórias da vida real da boca de alguém próximo e sentir um balde de água fria pela cabeça abaixo e um sentimento de estupidez imensa por me ter martirizado sem motivo algum, como se fosse lá o que fosse que me jogou ao tapete, pudesse ter algum termo de comparação!

E eis que pego em mim, nos farrapos que de mim fiz e junto-os para mais um dia de super-mulher!

2006-12-12

Música na cabeça

Há dias assim. Parece que tenho uma banda sonora inteira dentro de mim. Começou ontem ao final do dia, acho. Estava a despachar-me depois da sessão de natação e ao me aperceber do eco ao fundo meio jazz dei por a vestir-me a cantarolar o Fever!

O sentimento pelos vistos ficou comigo. Estou em jeitos de estar com o rádio ligado cá dentro. E há alturas em que ultrapassa o trautear, dando-me vontade de ir dançando ao som da música, estando onde estiver!

Devíamos ter mais dias de andar com música cá dentro!

2006-12-08

Dias de mantra

Assumindo a definição simplista de mantra, como um cântico que quando repetido de certa forma um cântico, vamos recuperar energias, eu tenho um mantra que utilizo quando necessito de me lembrar de certas coisas, de força interior etc... Nesses dias recorro ao Cântico Negro.

Lembro-me de forma muito clara a primeira vez que o ouvi recitado. Na altura não lhe conhecia o nome, nem o poeta. Nada disso ouvi quando entrou aquele professor de história na aula magna. Afinal, naquela altura poesia, era só uma cena daquelas meio chatas que temos que estudar... Mas ao ecoar naquele tom pujante aquele começo do “Vem por aqui”, fiquei suspensa no ar, estando totalmente conquistada por altura do primeiro “não vou por ali”! Sei que cheguei a casa a perguntar de quem era o poema do “não vou por aí”. É claro que com esta definição apenas, ninguém percebeu logo o que queria, mas assim que o descobri, nunca mais o larguei! Assim que vi a antologia poética do José Régio, tive que a comprar e nestes dias de bengala, abro-a e leio em voz alta o Cântico Negro!

2006-12-03

Por Barcelona

Da primeira vez que lá fui, adorei logo a cidade. Passear por aquelas ruas onde a cada esquina, podemos encontrar um prédio que nos faz sorrir por dentro e por vezes ficar de boca aberta! Gostei do facto de colocarem imenso verde mesmo nos prédios, de os ver aproveitar os parques, os jardins e mesmo a praia para correrem, passear os cães, estarem ao final do dia a falar tomando o seu café com leche com a maior das calmas, transmitido a sensação de que sorvem a cidade, o espaço, tudo o que é seu! É esse tipo de sentimento que acho que mais falta nos faz...

Gostei daquele mercado fantástico onde me perco na cor da bancada das frutas, onde só de me lembrar sinto na boca aqueles frutos fantásticos. Onde não posso entrar sem comprar um e uma bela salada de frutas.

Até das ruas estreitas e escuras do bairro gótico, gosto de passear. Perder-me nas sombras de algumas das igrejas fantásticas e simplesmente estar lá!

Jantei num sítio extraordinário que provavelmente não teria visto por dentro, se não fosse num destes eventos, “congresso like”...

Adorei as conversas em inglês e “castelhano like” , conhecer novas pessoas com as quais criei empatia, deixar Lisboa e os fardos deste lado de cá. De me ter dado vontade de escrevinhar pedaços de papel, como se tivesse medo de perder a ideia, o sentido e o sentimento... em parte foi como se uma parte de mim tivesse acordado de uma sonolência longínqua.
E agora ficar perdida com ela, por já não me lembrar como a mantenho...


2006-11-29

Sprint final

(alguem me explica como se escreve portugues num teclado americano que tem a total ausencia de todo o tipo de acentos???!)

So vou poder rever isto quando tiver com o meu portatil! Pedimos desculpa pelo incomodo...

O meu subconsciente e um tipo tramado. tem a mania de ser ainda mais control freak que eu, o que para comecar nao e dizer pouco! Na noite anterior, depois de uma bela carga de nervos, onde eu ja estava aflita qb a pensar que em menos de dois dias ia ter que ter a mala pronta para Barcelona e deixar todos os fogos apagados antes, ele resolveu nao me deixar dormir seguido. Acordava-me de tempos a tempos, como quem apenas murmura, sem dizer o que quer dizer. E claro que isto de nada me valeu. Em primeiro lugar, nao dormi como deve de ser e em segundo, nao percebi o que raio ele me quis dizer!
So de manha, ja a espera do comboio, se fez luz: eu tinha 2 dias e meio de conferencia, nao um e meio! Porra! O que queria dizer que tinha ainda que apanhar o voo no mesmo dia sem mala feita! Bonito! Como se ja nao fosse mau o suficiente arranjar voo com dois dias de antecendecia, fico com nenhum dia de antecedencia! E era escusado ligar logo para o escritorio: demasiado cedo! So ha uma coisa a fazer: agarrar no bloco e fazer a lista para ver se no meio do stress, nao fica nada importante em terra como a roupa interior, por exemplo!

Chego ao trabalho, a secretaria, ainda nao esta, o que da sempre jeito nestas alturas! Aviso o chefe que me enganei e que tenho que sair ainda hoje... Respondo ao mail de disponibilidade do voo a dizer que me troquei e que ou saio hoje ou amanha de madrugada!... Felizmente havia vaga para sair pelas 19h30m de lisboa, o que com o check-in, mala, deslocacoes, etc, ia dar uma tarde animada. Se juntarmos a isto, a capacidade organizacional tuga, da uma bela mistura e nervos na barriga, a espera ate as 15h para verificar que estava tudo ok e que podia ir a correr fazer a mala, nao sem antes ligar de 30 em 30 minutos, deixar recados e mandar mails com vontade de perguntar se estavam todos parvos ou nao sabiam contar tempo!...

Mas ja ca estou, depois de uma noite num belo quarto de um hotel 4 estrelas, a escrever de um portatil americano imbecil que ja me fez escrever mais de 10 vezes [ ou { que e onde deviam estar as teclas com os acentos!... E apesar da descarga, sabe bem nao estar em lisboa, ter os histericos a ecoar la longe, onde nao os oico...

2006-11-27

E agora, respirar!

Uma pessoa tenta sair cedo de casa, cheia de boas intenções... a fazer contas de cabeça logo pela manhã: chegar, cedo, despachar as cenas problemáticas de modo a embarcar tranquila na quarta-feira, caso os deuses do olimpo lá do sítio assim o decidam.. E nestas alturas, o S.Pedro, que é um gajo cheio de humor, manda um boa chuvinha e todas as boas intenções ficam a fugir para o “fora de prazo”!

Como sou teimosa, continuo manhã fora cheia de esperança de tratar da saúde a meia resma de pedidos pendentes, com energia tipo furacão, à espera, erradamente, claro está, que o resto dos que transitam à minha volta, me acompanhe! Numa segunda, numa semana de 4 dias?!É já a seguir! Ou seja, o furacão acaba por se esfumar depois de embater em 50 paredes inamovíveis!

E à tarde tenho a confirmação para embarcar, mas o gás já fugiu todo... e agora o novelo de pendentes já passou pelas mãos de uns gatos brincalhões e o número de fios puxados não pára de aumentar de cada vez que tento pegar nele de outro ângulo! Já estou a entrar n fase de me apetecer dizer asneiras!

Consigo sair, entrar na piscina para ser corrida 10 minutos depois por um bando de chavalos a ter aula!

Vou às compras e pareço uma louca pelos corredores fora, qual corretor de bolsa de hollywoood! Meter o carro na garagem, atender mais umas 10 chamadas, fazer o jantar, ver o mail do trabalho, só para confirmar que louca não era eu... e agora desacelerar, respirar, voltar a mim e poder adormecer sem pensar no novelo, que invariavelmente está e ficará à espera de ser desembaraçado por mim!

2006-11-23

marcas


Não me recordo do principio,
lembro-me dos preparativos,
da cruz e mesmo os pregos.
sempre com mesma calma que tive desde o inicio

Enquanto tudo arranjava,
e apenas no paraíso pensava,
preço pouco me aparentava,
ver que ao crucifixo a mim mesma condenava

Quando para ti olhei,
tudo ficou negro em meu redor,
e num arrebatamento de dor
as chagas que me esperavam vislumbrei.

E enquanto não fui vencida
pela imagem da terra prometida,
o teu calor bastou para a cruz não me arrastar!

Na ânsia do sacrifício,pelo direito ao paraíso,
castiguei-me não partilhando o momento contigo.

Ainda hoje carrego as marcas dos pregos que insistem em não fechar,
como paga de um oásis que nunca cheguei a alcançar!

2006-11-21

A minha liberdade termina...

...onde começa a dos outros. Para uns mais que outros.... Há dias em duvido que isto ainda exista na cabeça de alguém.

Desde pequena que me lembro de ouvir a minha mãe dizer isto. Quase em jeito de ladainha, não fosse eu esquecer-me do assunto. Talvez por isso, entre alguma ditadura na altura certa, não precise que me estejam constantemente a dizer o que fazer. Eu própria, me coloco os freios que considero necessários, imponho-me patamares etc...

Hoje por exemplo, no raio da aula de dança, quando me calhou o velho a mandar palpites sobre um passo, com o seu hálito podre regado a tabaco, não o mandei ir pastar ou ver-se ao espelho. Respirei fundo, resolvi não me chatear e dançar com a cara virada de lado. Afinal, quanto tempo se pode esticar uma música?:)

E depois há uns imbecis que por falta de chá na hora certa, resolvem mandar pedradas à janela do comboio para a malta gritar lá dentro, como se não bastasse estar a voltar a casa tarde! Aí, uma democracia musculada em que eles levassem também com uma pedrada nos cornos, era capaz de funcionar! A esta altura do campeonato, não me parece que cantilena liberdade, faça o truque!

2006-11-18

O humor retorcido do senhor lá de cima

Aqui há uns meses tentei inscrever-me numa viagem ao Butão. Como levei algum tempo a fazer as contas e decidir-me, quando cheguei a enviar a intenção de inscrição, já não havia vagas, mas poderiam haver desistências, como há quase sempre. Passou, Agosto, Setembro e sempre que perguntava por desistências, não havia nada!

Acabei por me esquecer do assunto, tenho n cenas para tratar no trabalho, um congresso para ir, um concerto de uma amiga para ver... E estes imbecis a 4 dias da viagem mandam um SMS a dizer que houve 2 desistências??! Quando sei que não me vou libertar a tempo??! Que raiva!

Espero não fique assombrada com isto muito tempo...


2006-11-17

Por falar em abortos...

Sim, temos o aborto que é a ordem dia! Para quando o referendo, em que moldes, etc...

E depois temos os abortos que se revelam neste processo todo, seguindo o sentido figurado do termo!

Eu não gosto de extremistas. Tipicamente, qualquer ideal quanto levado à frente a todo o preço, faz com que as pessoas percam a razão. Eu acho tão imbecil quem acha que é bom que se possa fazer abortos, como se hoje me dia não houvesse já formas suficientes para o evitar, assim quase tipo linha de montagem, como acho quem não o fazendo, não tem problemas em despejar os recém-nascidos no caixote do lixo, afogá-los, etc! Ou talvez seja melhor, esperar que estejam em casa para os matar à pancada!

Geralmente, quem mais apregoa o contra, são as mesmas «senhoras» cheias da guita e que os vão fazer lá fora, porque podem, e desta forma as amigas não sabem e podem assim continuar a vender a sua imagem de imaculada! Andava eu no liceu, quando uma tipica menina da linha comentava de forma não muito discreta, que já tinha feito 3 abortos, numa altura em que o sexo para mim era algo que ainda estava a anos luz! E o que mais me impressionou no discurso não foi a realização dos abortos em si, mas a displicência com que foi dito, como quem comenta algo de muito chato e corriqueiro!

E esta semana, quando nas notícias oiço o honorável José Ribeiro e Castro do PP dizer algo cuja linha de raciocínio era mais ou menos: "Achei muito estranho que o senhor primeiro ministro se defina como sendo pela vida, quando está a avançar com o referendo a favor do aborto!"
Mas será que alguém com os alqueires bem medidos acha que o ser a favor do aborto é querer que toda a gente os faça, ou impedir nascimentos da todo??!! Já não era tempo de aprendermos a ser um bocadinho mais equilibrados nas questões?
E esses senhores que tanto dão pelo movimento da vida, já visitaram orfanatos, casas de acolhimento para crianças maltratadas? Já se aperceberam que se não fosse alguma da boa vontade que ainda existe nalgumas das pessoas que trabalham nesses sítios, ninguém se aperceberia das doenças ou problemas dessas mesmas crianças?! E que fazem eles com o seu dinheiro bem guardado e investido? Apoiam essas vidas todas? Não me parece!

Raios parta a hipocrisia!

2006-11-16

O embalo da dança

Esta semana já consegui ir à aula. É claro que est semana tudo se passou um pouco ao contrário! Com receio dos atrasos de comboio, fui de boleia, já que íamos todas para o mesmo sítio e tive que apanhar um trânsito descomunal! A ironia dos deuses não podia faltar!:) Mas lá acabámos por chegar, apesar da aula já ter começado.


Eu adoro dançar! Dizia-me a minha avó que eu fiquei com o bichinho da dança pelo lado do meu avô e eu gosto de pensar que sim! É um pouco como guardar em mim mesma, parte dele e ter sempre comigo uma lembrança gravada do espírito dele!


Estava curiosa, uma vez que nunca aprendi nenhuma dança africana. Gostei daquele efeito de “soltura” que ganhei depois dos cinco minutos iniciais onde apenas marquei o tempo nos dois passos base. Foi um pouco como quando nos dão a provar algo que já nem nos lembrávamos de gostar e redescobrir o paladar novamente!


Quando me calhou dançar com o professor, dei por mim a ter que calar a minha parte educada nas freiras, esquecer a proximidade com todas as conotações parvas que me podiam atravessar o espírito naquela altura! Cada vez que a deixava ganhar espaço só ouvia o prof a dizer, está com atenção que vais sentir o movimento, é só seguires e vir comigo. Se deixasse que o diálogo das grilhetas continuasse, o mais certo era além de não perceber nada do movimento, ainda me irritar comigo à conta do assunto! Assim que mandei esse lado embora, fechei os olhos durante um breve momento e realmente senti, que era só “ler” o movimento do corpo e seguir. Pudessem tantas outras coisas ficarem resolvidas a esta simplicidade!

2006-11-11

O que farias, se ganhasses? ...

Bom, no seguimento do post do Tiago e pegando na conversa que tive no almoço de ontem. Não sei tudo o que faria, mas há coisas que sei que não deixaria de fazer...

Depois de pagar as dívidas todas e já agora tratar de uma casinha mais à maneira, ia descobrir quanto investir de modo a ter “salário” garantido.


Depois acho que me ia saber bem arranjar uma maneira de me despedir com um “bang”! Assim algo que deixasse os grandes chefes de boca aberta em tempos vindouros!:D


Partia de mochila em expedições daquelas que devem ser impossíveis de esquecer. Butão, Terra do Fogo, India, Japão, quase todo o lado desde que a malta lá do sítio não estivesse numa de andar aos tiros!


Adoraria ajudar a proteger as espécies em vias de extinção, de preferência, os grandes felinos que acham que têm uma aura especial.


Gostava de ajudar a ONU...

E depois adorava pegar no meu sonho do “orfanato perfeito”! Imagino-o uma espécie de quinta grande com imensos animais: cavalos, patos, coelhos, burros, cães, gatos.... A casa era grande... muitos quartos para as crianças não estarem ao monte em camaratas e terem a noção do seu espaço. Ia estar sempre presente algum pessoal médico. Pelo menos até ao final da primária, todas as aulas seriam lá dadas. Haveria uma componente de ajuda na quinta, a tratar dos bichos, das flores, das árvores... Algo que mesmo que ninguém aparecesse para os adoptar, eles não se sentissem como o “artigo mais manhoso” do armazém! Claro que tudo isto tinha que ser bem longe de qualquer centro urbano...
Até vejo a cor da casa, o jardim, os quartos... na minha cabeça todas s pessoas que lá trabalham são fantásticas! É como se fosse mesmo capaz de funcionar! Quanto custará um sonho assim?


2006-11-09

Nem sempre os deuses estão loucos

Creio que uma boa parte de nós tem dias em que a cama tem só lados esquerdos. Nesses dias, achamos que os deuses tiraram o dia para mangar connosco. Provavelmente a TV Cabo lá do sítio não está a dar nada de jeito e na procura de entretém, escolhem-nos como vítimas de um qualquer enredo, que só nos faz praticar um pouco do desporto nacional preferido: a choraminguice! Acho mesmo, que parte do entretenimento que lhes fornecemos, e falo por mim, está relacionado com os filmes e resmunguices que fazemos quando nos sentimos alvo da chacota divinal!

Na passada terça, tive um desses momentos. Depois de um dia que me deixou KO, sem conseguir explicar exactamente porquê, saí para relaxar uns minutos, lanchar com uma amiga para ir a correr experimentar um novo tipo de dança, já meio como se fosse castigo porque me sentia naquela fase de “não posso com uma gata pelo rabo”, eis que o universo conjura e os comboios têm uma traquitana, ninguém avisa ninguém, a vontade de ir para casa, tomar banho e vestir o pijama crescia a ritmo exponencial! A dança ficou para segundas núpcias e o lanche nem se fala! Já era quase tempo de jantar! Na minha cabeça moía uma lenga-lenga daquelas de disco riscado onde me repetia: “o raio dos deuses não querem que eu vá dançar, é sempre a mesma coisa. Por muito que tente voltar aos hobbies, parece quase sempre impossível! Etc. …”

É claro que no dia seguinte, quando me disseram que não houve aula nenhuma devido a uma invasão de tropas americanos a dar para o xunga, não pude deixar de sorrir e ter que admitir que pelo menos desta vez, os deuses foram amiguinhos!:)

2006-11-06

O que trazem as trovoadas...

Creio que as trovoadas com os relâmpagos a rasgar o negro da noite pertencem aquele universo que de uma forma ou de outra nos colocam na nossa dimensão diminuta. Um pouco como gente pequena novamente!

Hoje saí para a varanda para estender roupa apesar do tempo já que a roupa no alguidar também não me ia servir de muito. Desta vez, ao contrário do que é habitual, saí sem nenhum felino no encalço e nem precisei de fechar a porta à pressa. Geralmente já dispensam a chuva, mas acho que acompanhada de uma barulheira infernal é coisa que nem sequer querem ver de perto.

Enquanto estendia o raio da roupa. Perdi a conta das vezes que me encolhi por instinto enquanto o ribombar parecia ecoar mesmo por cima de mim... e isto apesar de ver a luz branca dos relâmpagos.. acho que é daquelas coisas que não se controlam.

E ao pensar nisto tudo vieram as saudades. As saudades daquele abraço por debaixo dos lençóis que sabe bem e que me faz pensar que naquele instante os trovões estão longe e por muito que me ecoem nos ouvidos, estar ninhada com a cabeça apoiada naquele ombro, com o nariz encostado aquele pescoço a guardar mais uma vez o cheiro, não estremeço nem uma vez!

Onde anda esse abraço?

2006-11-04

Pontaria...

... desgraçada!

Eu pertenço aquele universo de pessoas que geralmente tenho sempre uma pontaria desgraçada! Como na altura em que resolvo fazer alguma representação mímica, é quando o visado olha ou quando o chefe volta para trás! Quando resolvo fazer um movimento de guarda-chuva à musical é quando surge alguém do nada para poder levar com ele na caixa dos pirulitos! Às vezes acho que é uma espécie de dom, porque não faço esforço algum: simplesmente acontece!

Como sou um bocado distraída com as notícias, ainda não tinha tido conhecimento da morte do Bruno Carvalho! Hoje ao receber a newsletter da Papa Léguas, fui ler a notícia. E depois, à laia de comentário meto-me com um conhecido no messenger, que sei que gosta de escalada, naquela de “foge, grande cena!:(“ E chega algo como, pois e era meu amigo! E que faço eu com a cara de tacho com que fico, tipo murro no estômago?

Porque não me dá para ter pontaria no raio do euro milhões, em alternativa??!

2006-11-02

Os diferentes lados do comboio

Durante o verão e refugiando-me na desculpa de estar a fazer horários chanfrados, ia sempre (ou quase) de carro para Lisboa. É claro que o próprio facto de ir de carro potenciava as saídas fora de horas, mas quando se está no meio de um ciclo vicioso, por muito imbecil que o mesmo seja, nem sempre nos damos conta do mesmo.

Com a rentré, o aumento do caudal do trânsito, juntei a minha decisão de reconquistar o meu tempo, e voltei ao bom e velho comboio. Voltei a ter tempo de andar sempre com um livro atrás, a juntar música, quando há demasiados loucos com o botão de volume avariado à minha volta que me dificultam a progressão da imaginação enquanto leio. Confesso que já não me lembrava do gozo de andar “preocupada” em planear o próximo livro que vou ler, porque os vou despachando alegremente! É quase como andar alegremente entre mundos: o que vejo na cabeça enquanto vou no comboio e o outro que está à minha espera regido por relógios de pontos!

Hoje, ao sair, estava uma chuvinha jeitosa lá fora, luzes de travões em todo o lado e ao atravessar a rua, com o casaco fechado não pude deixar de sorrir enquanto me via já sentadinha no comboio com o livro aberto! E de facto, depois de ter feito um pouco de tempo na papelaria, já estava a ler o livro que comecei hoje mesmo. Não muito tempo depois, dos meus ouvidos quase estalarem e instintivamente, encolhi-me e quase saí do banco no reflexo de me baixar (o instinto é de facto uma coisa espantosa) um parvalhão qualquer no meio do percurso devia estar a jogar o vamos ver se acerto na janela do comboio com o calhau que tenho na mão! Nem me apercebi logo do que tinha sido, só quando saí da posição contraída, é que me apercebi que o vidro do outro lado do comboio estava completamente raiado como um sol a brilhar onde o centro era por certo o sítio onde a pedra bateu. Acho que se tenho estado daquele lado, ainda me tinha deitado no banco, à filme!

Troco de comboio e eis que tenho que optar pelos phones pois numa das pontas da carruagem está um velhote que mal se tem nas pernas e a julgar pelo enrolanço da língua já não estava sozinho e a mim não me apetecia estar a fazer um esforço extra para ajudar a minha imaginação no acompanhar das letras. Mas como tenho uma espécie de íman para os cromos difíceis da caderneta, foi exactamente a mim que o homem veio perguntar se estávamos na estação onde ele queria sair. É claro que fiquei intoxicada com os vapores que emanaram da boca dele e nem sem os phones e com toda a minha atenção, aquele articular de palavras começou a fazer sentido! Felizmente para ele, estava perto de mim alguém com o ouvido já treinado e eu lá consegui confirmar que sim, que podia sair! E lá saiu a gritar com meio mundo para que saíssem à sua frente a arrancar sorrisos a quem entrava e virava a cabeça para confirmar a cena! Chiça! Pelo menos agora, o livro volta a ser totalmente meu, enquanto o comboio continua a deslizar pelas estações indiferente ao piso molhado!

2006-11-01

E já agora, o rabinho lavado com água de rosas, não?

Como me dizia um primo do meu pai: fazer as coisas bem tem aquele efeito boomerang de mandar sempre mis trabalho para cima de nós! Já devia ter aprendido, mas por alguma razão que me escapa, tenho um bichinho cá dentro que não me permite deixar pontas soltas que sei que me vão assombrar depois, seja em que patamar for: trabalho, amigos, amores... É claro que por vezes dou por mim num corrupio sem fim porque de forma automática estou a fazer as bainhas que encontro soltas à minha frente, quando às vezes já são do vizinho do lado! E como somos o que em parte de forma inconsciente, chamamos para nós, tenho resmas de telefonemas de trabalho porque dou sempre o jeitinho, porque sei quem resolve, porque faço PR se for necessário e as coisas aparecem feitas! E ai de mim que responda algo como “tá aqui a cana, vai pescar, porque já dizia o outro não lhes dês peixe, ensina-os pescar!” É que não é por mais nada, mas vocês são mais velhos que eu, façam-se à vida caneco!!

O meu karma é de tal ordem que mesmo nos momentos em que desligo como hoje e saio cedo depois de um dia inteiro de reuniões para ir a uma aula de dança, sou bombardeada com cenas de novela mexicana de má qualidade de gente que dormiu na forma e agora quer o rabinho lavado com água de rosas!! E eu sem paciência, quando cansada do ginásio, tenho que ir à procura de uma das gatas não aparece porque está com uma crise de nervos e me deixa quase à beira de um ataque de choro, ainda tenho de estar a ouvir a continuação dos capítulos da dita novela, enquanto penso que o que esta gente precisa é da providencial lambada nos queixos para abrir a pestana! O que é triste é chegarem a esta altura e ainda terem falta da dita!


2006-10-30

Raios parta o horário de inverno!

Odeio este horário... odeio o sair de noite ou quase por muito que faça para sair a horas normais. Olho pela janela e já é noite, por muito que o relógio me diga que é cedo e que ainda tenho tempo, eu não acredito: afinal é noite, que raios!

Não sei se hoje me atacou mais por ser segunda, mas que é verdade que ao regressar a casa apesar de apenas serem 7h, estava já a pensar no pijama, nas pantufas e depois no “como raio me vou disciplinar para não deixar de ir ao ginásio”??!, é!

De que me serve estar um sol do caneco de manhã se saio sempre de noite? E não vale de nada chegar mais cedo para tentar sair cedo, porque serei a única a fazer o esforço e como necessito dos restantes imbecis que chegam tarde, fico prisioneira da minha mania de fazer as coisas e basicamente fico quilhada: entra cedo e sai tarde! Assim de repente, não me parece um bom negócio!

Não é que isto deixe de existir como num passe de mágica no horário de verão, mas que custa menos, custa!

2006-10-29

Na pele de uma dondoca

Há dias de semana, muito raramente, que posso ter na mão as rédeas do meu tempo. Nesses dias, há vezes em que resolvo trocar-me as voltas: ir ao ginásio mais cedo, almoçar num sítio bonito, programar o dia de modo a apesar de tudo, fazer tudo o que tenho para fazer, mas a noção do “não picar ponto”, faz toda a diferença!

E é no meio destas boas intenções todas que desço para o estacionamento do ginásio para o encontrar bem recheado. Parece que é sábado ou domingo às 11h em vez de estarmos a meio da semana! A aula de dança está cheia de gente… o que faz esta malta? Alguns já não têm idade para trabalhar, mas convenhamos! São todos profissionais liberais ou vivem de rendimentos??! Sim, porque para pagarem a mensalidade, na categoria de pé-rapados é que não se encaixam de certeza! Já sei que escolha eu o que escolher fazer nestes dias mal semeados que arranjo, nunca vejo nenhum sítio às moscas, mas não deixo de me espantar!

Segue-se o almoço na casa da guia, para aproveitar a abertura que S.Pedro nos resolveu dar e para não ter que pegar em tachos. Se é verdade que não tive que me irritar para estacionar, embora não houvesse centenas de lugares vagos, nem tivesse dificuldade em ter um lugar virado para o mar, não deixa de ser verdade, que estavam imensos grupos de senhoras a matraquear em mesas perto, no restaurante do fundo, homens de negócio exibem os seus fatos enquanto almoçam por lá como se não fosse especial estar numa sexta a almoçar ao sol, com o mar a brilhar de pano de fundo! E se calhar para eles é, que sei eu? Se calhar apenas eu pertenço à raça estranha de ter que trabalhar com o culto da presença e sofrer da paranóia de “run the extra mile, all the time”!

É claro que outra possibilidade justificativa para esta aparente enchente de pessoas, nos meus dias de “hoje não se pica o ponto”, é que o resto do universo, tenha resolvido imitar-me! Mas como não me tenho em tão alta conta, a ideia não só é disparatada, como impossível! Assim sendo, serei só eu a deparar-me com este aumento de “fazer ponta”??!

2006-10-26

Sobre a chuva

Ao passar os olhos pelo post do Tiago, também me apeteceu pensar na chuva....

Há alturas em que não gosto mesmo nada da chuva... como quando nos dias em que preciso mesmo de levar carro para o trabalho, os tugas dizem fazer uso dos seus guarda-chuvas de 4 rodas! Onde apesar das minhas boas intenções e colocar o despertador para 1h mais cedo, o corpo insiste em não se mexer aquele toque e todas as boas intenções vão para o inferno! E mesmo quando até que me consigo mexer, como hoje, há sempre um bando de desgraçados que resolve amalucar, provar que é o maior do mundo ao volante e depois presentear o resto com uma mão cheia de choques em cadeia, porque o que a malta gosta mesmo é de acordar de madrugada, demorar mais tempo a chegar ao trabalho que indo de transportes!!
Há ainda aqueles dias como o passado domingo em que eu tenho mesmo que ir ao Shopping e dou por mim numa enchente de gente que não sabe que mais fazer em dias de mau tempo sem ser enfiar-se num shopping provavelmente a ver montras que não pode comprar!

Mas há também aquelas primeiras chuvas, que deixam num ar aquele cheiro a terra molhada que às vezes se mistura com aquele perfume adocicado das flores. Adoro esse cheiro! É um cheiro bom que me faz sorrir por dentro em que me apetece sempre encher o peito de ar para guardá-lo comigo. É um pouco como imagino que seja esse cheiro de África que toda a gente comenta.

E há aquela vontade enorme de fazer um remake da cena do Gene Kelly, de impermeável amarelo! Pular nas poças, cantar, dançar… É claro que a maioria das vezes em que me passa pela cabeça fazê-lo, o resto das pessoas não parece partilhar da minha vontade, pelo que ficou sempre pelo reino da imaginação...

E depois como sempre tive uma certa panca com a água, as gotas a descer por baixo da roupa, o colar da água, quando não estou com horários, a chuva lembra-me aquela cena do 9 semanas e ½ que se bem me lembro tem lugar num beco ou numa travessa escura, escondida... :)

2006-10-21

Freud explica...

Antes de ir uns dias de férias, já tinha reparado que fazia muitas vezes este engano. Mas agora que voltei, o mesmo sucede sistematicamente! 
O que vale é que já estou se sobreaviso e revejo sempre o texto antes de o enviar, pois caso contrário enviaria no minimo frases pouco convenientes!
Grosso modo, o esquema geral encarregue de me despachar novo trabalho para cima pode ser resumido da seguinte forma: alguém faz um pedido, o mesmo vai sendo encaminhado por um circuito pré-definido e quando chega a mim, o mesmo é desdobrado numa série de tarefas que tenho que fazer até dar resposta à solicitação inicial. Como em toda a grande empresa, o caminho gracioso que esta nem sempre pequena solicitação, tem que percorrer até chegar ao fim, tem um nome e uma série pressupostos que tem que chegar até atingir o seu  objectivo. Este caminho passa por n pessoas, e quando há enganos, trocas, atrasos, os mesmos têm que estar escritos, identificados, para o mexilhão não acabar mal cozido num qualquer caldeirão!
Ora tudo isto implica, entre outras coisas, muita escrita politica, outra formal e alguma já direccionada ao entalanço alheio...
Agora imaginem que sempre que escrevem pedido sai peido!! Isto pode dar origem a frases como:
“Este peido não é para mim com certeza!”
“Para que este peido possa ser satisfeito, tem que encaminhá-lo para o meu chefe!”
“Lamento, mas desconheço o peido a que se refere!”
“Uma vez que este peido não é simplificado, terá que aguardar vez na lista de peidos por satisfazer”.

Por enquanto o meu ouvido ainda não recebe peido em vez de pedido, caso contrário poderia ainda ouvir o meu chefe a dizer coisas como:
- “Quem achas que poderia dr conta deste peido?”:)
Ao que o meu cérebro iria começar a responder: “Depende, quão mal cheiroso é?” :>

2006-09-25

O que ensina a ficção?

E eu que julgava que a maioria de ficção era de entretenimento, fiquei a saber que segundo o “salto de agulha” (nº 538), isso não é bem verdade. Ao que parece serve de ensinamento!... E a escolha de exemplo cai sobre “ a novela das nossas vidas: Jura”. Confesso que ainda não a vi, mas a julgar pelos trailers que foram surgindo, não a consideraria de todo como a nossa vida de todos os dias e tõ pouco esperaria viver uma grande identificação com as ditas personagens... mas ao que parece há quem esteja preocupado com o facto que segundo Jura, existem apenas dois tipos de homem:

  • os que passam a vida a saltar para a cueca alheia:

  • os que se alheiam da relação e procuram outras.

Assim de repente parece-me que a única diferença entre ambos se resume ao facto de um um, apesar de saltar de cueca em cueca, não estar alheado da relação que vive... ou será que está é igualmente envolvido com todas as cuecas que salta??!

Não sendo gajo, eu cá por mim, não gostava que a minha definição estivesse reduzida a este eixo, mas enfim!

Ao que parece esta classificação, reduz as mulheres a uma eternidade de choro, onde ou choram por eles ou choram pelo que podiam ter tido e não tiveram! Mas do ponto de vista da ficção, os tipos de mulheres, para os homens que têm o «privilégio» de estar no elenco, temos:

  • as que por casar, nada viveram;

  • as que apesar de casadas, continuam a viver tudo o que bem lhes apetece;

  • e as amigas das que estão casadas!

Tendo em linha de conta o tema da novela, reduzo isto à mera de classificação de ou vaca ou papa-açorda! (E eu a achar que o tempo de reduzir as cores branco e preto já tinha passado!)

Na minha humilde opinião, diria que o Jura é uma tentativa da SIC seguir pela ficção nacional e mostrá-la mais spicy que a sua rival! E já agora, se o Jura, pode representar a realidade, isto quer dizer que o mundo também se divide entre Cinderelas e madrastas más? Se uma é assumida como classificação redutora, porque razão se acha mais normal assumir rótulos em torno do sexo??!


2006-09-18

Aversão à diferença

A maioria de nós, espécie humana tem uma má relação com o diferente.

Quando somos pequenos, isso nota-se logo: há os gordos, os caixas-de-óculos, os que não correm, ou os que vestem roupa mais suja ou que cheiram pior! Há sempre uma pequena lista daqueles que não podem estar no grupo dos outros!

Como me achei na lista dos outros durante a primária, no liceu nunca fui muito discriminativa, facto que em muito contribuiu para o meu karma de aves raras, cheira-me. Mas sempre me fez confusão condenar alguém à partida apenas porque o aspecto era mais assim ou assado. É claro que às vezes vi-me obrigada a constatar que muita daquela gente tinha de facto pancada e que talvez por isso fossem ostracizados, mas também havia muita gente que não era “descoberta”, simplesmente porque eram colocados na prateleira a não mexer antes que isso pudesse acontecer.

Hoje em dia, o tipo de distinções que fazemos é nalguns casos, mais subtil (só nalguns, é verdade, ou não fosse muito boa gente estar presa no pior da adolescência!)


Este fim-de-semana fui ao cabeleireiro. Marquei para o L. porque gosto do corte dele, porque não me lava a cabeça como se estivesse a esfregar roupa num tanque e porque é divertido e expressivo, sendo mudo!

Quando cheguei, ele não estava à vista e depois de n peripécias que o resto dos cabeleireiros fizeram , convencidos que eu ou era cega, ou surda ou talvez apenas parva, par o chamar, pude constatar que nem aquelas pessoas que todos os dias trabalham com ele tinham estabelecido o básico: um código minimo de entendimento para o chamar em caso de necessidade, quando ele não está à vista! É claro que baterem na porta, não ia surtir muito efeito, certo? Então que tal, pensar um pouco em vez que achar ridículo o facto de ser necessário fazer passar uma folha A4 de letras garrafais para que ele pudesse ler??! é assim tão difícil treinar um bocadinho de tolerância?!

2006-09-14

A lenda de Zorro

Ontem acabei de ler o livro da Isabel Allende e acho que tenho que lhe agradecer o facto de o ter escrito.

O Zorro sempre foi um dos meus heróis preferidos pelo principio da coisa, tal como o Robin Hood: o lutar pelos mais fracos, pelo oprimidos e injustiçados, o tirar dos sacanas dos ricos para dar aos que mais precisam. Acho que consigo gostar ainda mais do Zorro pelo garbo da coisa: o figurino, a elegância do espadachim, dá um toque mais sublime à luta em si! :)

Se pudesse, era o Zorro! Aquelas personagens satélites femininas cujo papel se limita ao de suspirar numa noite quente, deixando a varanda aberta na esperança que o negrume da noite se transforme no herói mascarado, sempre me soube a pouco! Sim, admito que o Zorro me parecia cativante que s cens do luar eram engraçadas, mas a ideia de me imaginar a mim a assobiar pelo Tornado, a ser capaz de golpear com precisão com o chicote, desenhar o Z com uma rapidez demoniaca nos tais sacanas, só porque sim e ter um ar trocista no meio de tudo aquilo pelo simples facto de estar num outro patamar, sempre me encheu mais as medidas!

E no livro ter sido apresentado um caminho perfeitamente delicioso para o Diego de la Vega caminhar de homem para Zorro, onde as mulheres não são amorfas, deixa um gostinho bom...

2006-09-09

Não chegar a nascer...

O tempo da apanhada ficou para trás. Já não andamos em bandos completamente diferentes. Nessa altura eras apenas mais um daqueles que corriam muito, mas que para pouco mais serviam, além de serem brutos como tudo!

Depois veio a distância.... víamo-nos entre salpicos de tempo... onde eu já estava na faculdade e tu ocupavas o tempo enquanto não entravas onde desde sempre tinhas decidido qua irias... Sempre pertencendo a universos distintos, mas com território comum que sempre fez que os olás fossem mais longos que o esperado por outros.




E agora apareceste a trabalhar perto, a morar perto e eis que dei uma Carrie e por instantes achei que era tudo muito romanesco! Que as páginas estavam em branco, que podíamos escreve-las... mas aquele desfiladeiro, nunca desapareceu, acho.

E com duas frases, voltei a empinar nariz, a subir o penhasco que me mantém num patamar distante, rasguei as folhas limps que não te mostrei e vesti-me novamente de gelo!

2006-09-01

Irascível, Mr. Hyde e TPM

Que combinação do caneco!

Imaginem que estão na semana do período, que por algum motivo aquela falta de pachorra ainda não se foi completamente embora... talvez o stress a mais, o dormir pouco, o ter que começar o dia a lavar as escadas à entrada da porta porque o raio do saco do lixo entornou uma “nhanha” qualquer, também não ajudem! Mas nessa altura, não achei que o pato que resolveu provocar um acidente logo pela manhã na auto-estrada, estivesse de conluio com o resto do mundo para me testar a paciência!...

E depois de uma pausa antes do reboliço do trabalho, começou a conspiração: alguém que se esqueceu de fazer algo em produção e que me faz sentir mais uma vez que tenho que me lembrar de tudo, como se tivesse que ter uma memória de elefante... ou então uma espécie de super poder “ a mulher que tudo lembra”! Ainda no rescaldo, disso vem uma discussão com um fornecedor que parece que não percebe aquilo que quero que faça, pela simples razão que lhe dá trabalho! Mas será que ninguém explica a esta gente que é para isso que eles são pagos?! Para trabalhar e já agora fazerem o que o cliente pede e não o que lhes dá jeito?! Irra!

Por esta altura tive um dos meus momentos Ally McBeal from hell! E se lhe desse uma estalada? Ou melhor... se Mr Hyde tomasse conta, ou alguma espécie de besta inferna que he rasgásse a goela só para o calar?! Quando já estou quase a respirar fundo, com a palavra irascível a martelar-me na cabeça como a única explicação e justificação que me podia dar, aí vem mais uma frase bomba dita por alguém que por sa vez também está chateado e eis que tive que sair durante um bocdo pois tive a sensação que a qualquer momento o meu Mr Hyde podia espreitar!
Felizmente ou não estes arranques quase sempre acontecem apenas durante estas alturas do mês! ...


Decisão: vou sair cedo. Tenho que ir ao ginásio drenar isto antes de ataque alguém! E aplicação de teleponto lembrasse de me avisar que tenho picagens desaparecidas, e deixa-me resolvê-las a uma velocidade muito longe do estonteante, está um trânsito de um raio, um velho num carro grande, não sabe o que quer fazer, outro carro mais à frente resolve ir a ritmo de passei na faixa do meio só para não conseguir cumprir o meu plano inicial! E aí sinto o Mr Hyde querer sair... quase me imagino uma torre de 2 metros e encostar aquela gente toda num poste enorme... e novamente baila-me à frente a expressão irascibilidade!


E só por causa disto fui a Body Combat e hei-de vos esmurrar a todos que qualquer maneira! Não faz bem ter muito tempo aprisionado o Mr Hyde! TPM ou não TPM!

2006-08-31

O Libertino

Esta semana cheguei um doa dias cedo a casa... tinha “O Libertino" para ver antes de o devolver. Confesso que o retirei da prateleira por 3 motivos:John Malkovich, Johnny Depp e o ar nada americano daquilo!

O filme é marado, sem dúvida. Mas o prelúdio feito pelo Johnny Depp como Rochester deixou-me intrigada.. quem se presenta dizer que não espera que gostem dele, que vai apresentar-se como era e isso é uma forma crua, torpe, má!....

Toda a fotografia do filme tem um ar muito próprio entre o antigo e uma fotografia pintada, à falta de melhor comparação e que também contribuí para o ambiente de tudo aquilo.

Uma cena fantástica onde a personagem Elizabeth Barry faz uma descrição soberba da vontade de ser actriz que acho que serve perfeitamente toda e qualquer vontade de criar algo, de transmitir sentimentos.

E depois de tudo aquilo um epílogo também pelo Johnny Depp onde consegue repetir três vezes com uma força imensa “Do you like me now?” até desaparecer na sombra e se confundir com o vinho e com a face da doença me arrancou umas lágrimas.

2006-08-24

Idade da Inocência

Há pouco tempo acabei de ler o livro. Já o tinha há algum tempo e pegando nas lembranças que ainda tinha do filme de há mais de 10 anos (credo!) , fui lendo página a página, primeiro devagar e depois já com alguma ânsia, como quando queremos sorver algo com medo que desapareça...

Do filme guardei uma pontinha de tristeza porque O PAR não ficou junto, embora me lembre de ter sentido uma certa empatia com a situação... mas o livro é acima de tudo de uma crítica social tremenda. A sociedade nova-iorquina da altura é retratada ao pormenor, mostrando gente com a mania de ter que ser superior e distante da realidade decadente do velho mundo, pois não vale a pena descobrir um mundo novo, para o tornar igual ao outro!
É claro que ao lê-lo, Newland Archer não podia ser outro que não o Daniel Day Lewis, assim como a Ellen só podia ser a lindíssima Michelle Pfeiffer. Já a May, é retratada de uma forma tão desprovida de fibra, que é difícil imaginar alguém assim!

O livro também me deixou uma certa tristeza, mas pelo desperdício de tempo deles. Criaram uma ideia tão perfeita um do outro que cultivaram o amor deles nessa base, sem nunca guardarem no corpo o cheiro um do outro, sem gravarem os tiques e manias um do outro na sua mente.. e talvez por isso mesmo o amor ficou sempre intocável, puro... afinal é fácil amar a perfeição que se imagina de alguém! E mesmo no fim, quando já nem as amarras do “ser próprio” os podiam prender, creio que a ideia de destruírem o idílico cenário que criaram uma para o outro dentro de si, foi demasiado assustador...

E por isso fiquei com um gostinho amargo na boca!

2006-08-23

Todas as imbecilidades vivem de gastar tempo?

É uma coisa que acontece a todos, suponho, chegar ao fim do dia e perceber que1 hora ou mais foi gasta com um problema imbecil de resolução rápida, se alguém tivesse pensado mais, ajudado mais ou se simplesmente algumas coisas estivessem simplesmente bem feitas. Hoje tive um dia desses. Ainda por cima patrocinado por uma das divindades actuais que se senta no Olimpo lá do sítio (ou seja, administração).
Ainda por cima, por um daqueles assuntos, que nem sequer lembram ao menino Jesus! Mais uma pérola por certo ensinada nos MBAs que por aí existem e que nós, pobres mortais não “apanhamos”!

2006-08-20

Fazer os dias diferentes

Nem sempre é fácil. Os dias de trabalho tendem a começar quase sempre pela mesma altura, embora a hora de fecho, não tenha a mesma regra de relógio suíço! Há dias em que fujo só porque sim, para me lembrar porque gosto de mar, de gelados para matar saudades u simplesmente de não estar com mente analítica.


Ontem, depois de levar os gatos ao veterinário, de brincar com eles para mostrar que continuamos amigos como sempre, fui ao ginásio e depois resolvi tomar um gelado ao lanche. Passei por um carro com dois amigos que dançavam que nem loucos e que me fizeram sorrir, ainda mais quando percebi que era uma música típica dos 80's! :) E ao passar um deles fez-me adeus todo contente e eu respondi de forma igualmente alegre. E naqueles minutos, houve de facto uma energia espontânea. Não aconteceu mais nada, provavelmente porque não ia sozinha, mas valeu a pena o não ficar por aquilo que as minhas raízes de menina bem comportada ditariam! Penso que não eram portugueses, o que faz algum sentido... acho que a maioria dos portugueses ainda tem que aprender a cortar algumas amarras e perceber que isso além de saber bem, também faz bem. (E contra mim também falo, claro!)

2006-08-15

E pelo SMS foi perdoado...

Acordaram-me ainda mais de madrugada do que estava à espera e tendo em linha de conta o que estava escrito, houve quem também tivesse achado que a capa de super-mulher precisava de um descanso minimo para surtir efeito e o cedo não foi “ainda antes das galinhas”, por isso!
A juntar a isto, como se a carga de sono de um dia assim não bastasse, o Murphy resolveu dar um ar de sua graça e espalhar a sua influência ao longo do dia. Mas eu estava decidida a deixar outra parte de mim ocupar o tempo de antena! Escapei a uma reunião, à tangente; deixei parte de Roma arder, pelo simples facto de que mesmo que colocasse o fato de bombeira, nenhum camião tanque ia conseguir fazer nada... E desafiei-te para um mergulho na praia.

Foi um dos melhores dias de Guincho de que tenho memória... quase parecia naquela recta final que a escapadela estava condenada... para o tempo que lá ficamos o parque foi um tanto ou quanto carote, mas aqueles 30min dentro de água de onde só saímos porque eventualmente tínhamos que secar, valeram cada cêntimo! Aqueles minutos a secar ao sol, como se não houvesse amanhã, como se não houvesse tempo e onde as tuas palavras de “tenho que ter cuidado a oferecer-te ajuda, pois és uma mulher muito independente” estavam a ecoar ao longe na minha cabeça porque ali abandonada ao sol, não me achei assim tão nariz empinado...

E adorei particularmente a tua mensagem à noite. Como se tivéssemos feito um intervalo nas picardias, como se naquele bocado eu fosse apenas o “Clark Kent” e soube bem!:)

2006-08-09

Vestes gastas de super-mulher

Em jeito de brincadeira ando a dizer que no estado de arte actual onde me encontro, tenho que escolher uma super-heroína, pois como pessoa normal, não há a minima possibilidade de aguentar o ritmo e tempo e tipo de resposta esperados!
Ao saber o inicio de dia que me aguarda amanhã pelo rasgar do sol, quando o meu corpo ainda se recusa a reconhecer que é horário de responder, quanto mais o meu cérebro!, não posso deixar de pensar que por muito que me deseje ver como uma qualquer personagem dos X-Men, a minha dimensão humana não vai esticar para sempre!

E depois chega um SMS que em vez de nos dar conforto diz simplesmente, algo como: "aguenta e cala, pois obviamente aguentas o ritmo"! E eis que vem uma fúria de tempestade no meio do meu cansaço, como mais um suspiro de batalha que me invade: não posso eu parar? Tirar o raio da capa ao fim do dia e ser simplesmente mulher, arrumar o super??! E daí talvez não... talvez a capa já seja parte de mim, mas isso por si só tira-me o direito a ter alter ego?

2006-07-08

O mestre das marionetas

A notícia espalhou-se depressa... toda a gente na vila já o sentia, mesmo antes de o saber: algo ia mudar! E assim, quando viram chegar o carro desconhecido não o estranharam, foi como se confirmassem aquele sentimento estranho na boca do estômago, aquele aperto sem razão aparente. Souberam que alguém tinha saído de dentro do carro, mas não o viram. Ninguém o saberia descrever, mas todos confirmavam que tinha sido um homem imponente, uma presença forte... tão forte que afastou todos os olhares de si mesmo e, ao mesmo tempo os prendeu a todos!

Passados poucos dias haviam vários panfletos em toda a vila a falar sobre a reabertura do teatro e de um inovador espectáculo de marionetas que iria ser apresentado.

Todos murmuravam entre si as novidades: "Só podia ser o estranho acabado de chegar".
Os mais velhos lembravam-se de ter visto o teatro aberto, mas já quase não o conseguiam descrever de cabeça e os mais novos apenas o imaginavam imponente, majestoso, belo! À medida que o tempo passava, todos contavam os dias, os minutos para a estreia. As lojas tiveram a melhor semana de vendas dos últimos anos! Todos queriam estar apresentáveis para o grande acontecimento.

Não foi espanto nenhum ver a vila inteira nos seus melhores fatos numa fila ordeira à porta do teatro no dia mais falado e esperado de sempre!

Assim que s portas se abriram surgiu o cheiro das obras, da pintura fresca sob o peso de uma sala cheia de histórias! Assim que entravam percebiam que cada um já tinha um caminho destinado a percorrer e num ápice se viram não na plateia, mas no palco com cordas presas nos braços e pernas, prontos a fazerem eles mesmo a peça que ia ser apresentada não naquela noite, mas até ao fim dos tempos! Seriam eles a fonte do entretenimento. Mesmo que não o quisessem, viam-se movidos por mãos poderosas algures lá em cima, longe dos olhares de todos! E a representação não seria para eles mas para o mestre das marionetas, a presença que tinha chegado no novo carro ainda há poucos dias!


2006-07-03

Dias a 78 rotações

Como se não chegasse ser segunda-feira!...

O dia começa bem, ou pelo menos de forma normal e estava resolvida a encarar a segunda de frente e não vacilar. Pelas 10 horas já me tinha apercebido que o discos destas 24h horas ia ser bem ritmado. Mas até que gosto de dançar, pelo que não ia ser uma maratona a manter o ritmo que me ia assustar! Ia ser mais um dia puxado, só isso!
E de repente a velocidade aumentou, como se alguém tivesse tropeçado no gira-discos e eis que a música começou a tocar em 78 rotações! E dou-me conta que ia ter que aguentar um LP inteiro assim... percorrer lista a lista, sulco a sulco do raio do disco!

Ainda bem que a última faixa já chegou ao fim!

2006-06-26

De volta ao normal, dentro do género

Bom, a Isis já não tem funil, já não tenho uma mini implementação do tratado de Tordesilhas cá em casa, estamos todos juntos novamente.

Houve alguns dias complicados em que a gestão de distribuição de mimo nem sempre foi equilibrada para nenhum dos dados, mas o terreno já é de todos. Agora tratamos das escaramuças habituais do dia a dia, do facto de convivermos todos.

E apesar de tudo, acho que até os outros dois, à sua maneira de deram as boas vindas.

Por enquanto estou apostada que amanhã vou acordar cedo e que vou conseguir ir nadar... a ver vamos. Espero não me estar a enganar mais uma vez... pouco mais de 1km não custa muito e depois de feito, não cansa! É menos uma na lista de “to dos” para o dia.

2006-06-21

As faces do cansaço

Segundo o dicionário:


s. m.,
fadiga;
lassidão;
esgotamento;
fraqueza derivada de trabalho excessivo ou doença.

Há aquele cansaço que nos invade o corpo depois de uma caminhada de alguns quilómetros, depois de termos contribuído mais um pouco de forma séria para a afinação da máquina coro humano. Esse é o tipo de cansaço bom... chega de mansinho e provoca uma preguiça suave que nos leva a querer dormitar primeiro sem nos apercebermos disso e depois numa entrega quase sem nos darmos conta disso.

Depois há o outro... aquele que moí sem razão aparente, só porque não se dormiu as horas que se quis, só porque não se fez um manguito ao papel a representar durante o dia passado ou no que está para chegar! Aquele que se cola a nós apesar do café, aquele que vira uma presença própria como se vivesse há muito tempo conosco. Pesa nos olhos, nos movimentos e qualquer tentativa para o sacudir é em vão... onde a entrega ao mesmo se faz simplesmente porque não temos escolha... pesa muito.
Este é o meu cansaço de hoje!

2006-06-13

Boa noite Isis

Isis é a minha gata mais recente. Uma tartaruga amarela que alguém resolveu deixar para trás ao mudar de casa... deixavam-na passar noites a fio na rua até que simplesmente se foram embora e a deixaram para trás. Dei-lhe comida durante dias a fio... subia com o coração partido porque ela estava mais interessada na meia-dúzia de festas que lhe dava que na comida em si... Não a trouxe logo para casa porque já tinha um gato e uma gata. Precisava de verificar que ela não estava doente e para além disso não podia medir a reacção dos outros dois... mas é claro que o meu coração de manteiga não aguentou e acabei por adoptá-la!

Foram uns primeiros tempos conturbados, mas lá sobrevivemos os quatro! Ha escaramuças de vez em quando, nem todos temos sempre a mesma paciência e as duas fémeas então! (sim, era de calcular, já sei!) Mas cada um tem as suas manias, a sua maneira de pedir colo e hoje que a fui deixar com a veterinária para ser operada amanhã, estamos aqui os três mais calmos, sem dúvida, mas com uma pontinha de saudade que se exprime na ausência das manias dela! E até o Gaudi desistiu de ocupar um dos lugares preferidos dela.

Espero que passes uma boa noite e que amanhã tudo corra bem . Depois vão-se seguir outros tempos conturbados, mas agora que não estás aqui, até isso, parece longe...

2006-06-10

Qual neonazis! Afinal são fãs do gato fedorento!

É inacreditável que exista um movimento capaz de apregoar que o holocausto não existiu... ainda para mais no país que albergou o ditador que teve essa visão “peculiar” e que muito evoluiu para apagar s marcas físicas desse tempo...
É por isso estranho que esse mesmo país dê o aval a uma manifestação de neonazis para apoiar o Irão e rejeite uma festa à boa moda regional tuga para receber Scolari e a Selecção!

Mas ontem à noite ao ver um pedaço do Gato Fedorento, percebi! Num trecho em que o Hitler discursava, “ficamos a saber” que ele final não era contra os judeus como raça inferior, mas contra as pessoas do signo sagitário, e ainda assim, se os astrólogos da altura tivessem conseguido convencer 3º Reich que astrologicamente não era boa onda eliminar, torturar ou afins Sagitários entre 1939 e 1945, nada teria acontecido além dos gritos de um alemão histérico de bigodinho ridículo! Ou seja, o Gato Fedorento chegou com antecipação à Alemanha e o clube de fãs escolheu o nome não muito feliz de neonazis e por isso vai apregoando a inexistência do Holocausto!

Tadinho do Champalimaud

Vá se lá imaginar que neste país à beira mar plantado, a maioria das vezes esquecido de ser europeu, de se aproximar da civilização, houve quem de facto cumprisse a lei e demolisse a vedação que Miguel Champalimaud havia erguido junto ao farol do Guincho. E porquê? Porque viola o Plano de Ordenação do Parque Natural Sintra Cascais e além disso a lei de Domínio Público Marítimo que estabelece o livre acesso dos cidadãos ao mar! E o senhor, Champalimaud, coitado, muito se queixa pois afinal já em 1976 lhe tinham dito que aquele pedaço era seu! Em 1976 !!

Melhor mesmo, só se sua excelência de facto se irritasse a ponto de atingir a tiro, como ameaçou, quem lhe fosse cobrar as despesas da dita demolição e desse uma oportunidade à justiça de mostrar que sabe encarcerar os grandes e dar ao país algum sentido de crença na evolução!

2006-06-06

Afinal há sempre mais um espaço para ser Don Quixote

Hoje fui para casa a remoer..., cansada do meu papel de Don Quixote, a jurar a mim mesma que já é tempo de aprender que não vale a pena, que chega de lutar contra moinhos de vento.

Só por piada foi ao wikipedia e eis que: O adjectivo quixotesco, cuja existência como palavra de facto desconhecia até hoje, vem mesmo da personagem do romance de Cervantes. E pelo menos na versão inglesa, quer dizer “idealista e complicado”. E ao ler isto não pude deixar de sorrir. Haverá de facto muito boa gente que era bem capaz de me apontar estas duas palavras como das primeiras que escolheria para compor a minha apresentação.

Ao começar o processo de desligar, optei por ouvir a minha música e saquei da “Única” do Expresso e ao ler a crónica feminina da Inês Pedrosa, tenho que lhe agradecer o trazer-me um excerto que me valeu as lágrimas de hoje:

«Imaginas o que é ter fome? É sonhar com um pedaço de arroz ou assim com uma perna de frango e fingir que o estômago não dói para a nossa mãe não ficar ainda mais triste»

E de repente, voltou tudo a uma perspectiva mais normal, mais real, menos “drama queen”e de um momento para o outro ganhei novo fôlego para ser Don Quixote, para combater moinhos de vento... só é preciso que não me esqueça, quais os moinhos que devem ser enfrentados!

O machon em mim

Que mania que tens que és capaz de perceber a mecânica das coisas!! Sim, a torneira pinga um pouco... tem vindo a pingar... um destes dias ligas ao senhor Joaquim e pronto!

Mas não... isso seria simples se eu saísse a horas normais... se chegasse a casa cedo... quão dificil há-de ser desmontar uma torneira?!... Missão impossível, como viria a constatar!Só fazendo ginásio como aqueles cromos que para lá vejo a levantar toneladas, poderia eu alguma vez aspirar a conseguir desmontar aquela bodega!!

Muitas asneiras depois e outros dizeres que passavam por algo como”isto de ser gajo! Pelos vistos tem muito que se lhe diga! Como raio conseguem eles??!”, desisti!

As páginas amarelas são nossas amigas e graças a Deus pelos serviços 24h! E não há nada que saber, toca a desembolsar 65 érios + a comissão para o nosso querido estado, como disse o moço ao entregar a factura! Agora ficas a saber quanto custa o machon que não tens em ti!:>
Tinha custado muito ligar ao sr. Joaquim?

2006-06-04

E uma raça nova nasceu


Deus foi criando o mundo, a vida e ao 7º dia descansou. Com o decorrer do tempo, apercebeu-se que a vida cada vez se tornava mais complexa até surgirem umas figuras a caminhar para o humanoíde e aí Ele soube que as coisas iriam ficar complicadas!
Achou por bem criar ajudantes. Alguém de confiança a quem poderia delegar as tarefas mais simples. Tinham que partilhar do mesmo tipo de visão, caso contrário iria perder demasiado tempo a acompanhá-los, e esse não era de todo o objectivo! Os ajudantes seriam criados para facilitar, para que o acompanhamento daquelas criaturas lá em baixo se torná-se mais simples, o raio das criaturas eram simplesmente bélicas! Era preciso tentar suavizá-las!

E assim nasceram os anjos: um nome tão bom como outro qualquer. Feitos à sua imagem eram belos, afáveis e preocupados com a vida de um modo geral. Mas o trabalho parecia aumentar sem fim! O raio das criaturas já se chamavam homens e apesar as agruras a que estavam sujeitos, procriavam que nem coelhos, mas davam 100 vezes mais trabalho! Um dos anjos, passou-se (tanto quanto um anjo se pode passar, claro está) e achou que não deveria ser considerado abaixo de Deus e que também tinha direito a ajudantes! E se Deus os havia feito à su imagem, porque razão não poderia ele fazer o mesmo??! E no fundo este foi o primeiro acto de clonagem perigosa no universo! O anjo já era em si mesmo um cópia e todos sabemos o resultado das cópias de cópias!...Além disso, Deus, por razões óbvias, não tinha explicado as artes que tinha utilizado na sua clonagem original de modo a dominar quais as características essenciais que teriam que passar para as suas cópias... e o clone do anjo, além de estar mais longe de Deus, ficou sem algumas das suas características mais marcantes como seja a abnegação do próprio em favor do outro... e assim nasceu Lucifer!

Ao principio no céu ninguém se havia dado conta da gravidade da situação. Outros anjos gostaram tanto da ideia que também resolveram criar os seus ajudantes. Quando Lúcifer viu que não estava sozinho, enfrentou Deus! Reclamou com ele, chamou-o de ditador castrador, de querer limitar as escolhas dos homens com base apenas na sua mente, o que não estava correcto e ele mesmo, Lucifer, iria dar-lhes uma alternativa!
Deus não tinha certeza de onde teria errado, mas estava certo que o tinha feito! Jogou as mãos à cabeça quando o diálogo com Lúcifer falhou e em desespero expulsou-o, bem como aos seguidores deste! Antes de conseguir criar o Inferno, como antítese do céu, já que Lúcifer se achava a sua alternativa, Lúcifer não teve outra escolha, se não descer à Terra e ficar por lá.

Nos dias em que se viu forçado a caminhar entre s humanos achou-os criaturas tão complexas que viu confirmada a sua opinião de que seria fácil corrompê-los. Mas depressa se apercebeu que precisaria de mais ajuda. E foi aí que teve uma ideia peregrina! E tinha Deus a quem agradecer por o ter despejado ali na Terra!
Fez-se ver por mulheres sós. Como conseguia saber o que queriam ouvir, não era difícil fazer derretê-las em menos de um fósforo. Pouco tempo depois já tinha certeza de ter deixado a sua semente bem plantada. Se bem tinha percebido o esquema das coisas, demoraria 9 meses a ver o resultado da sua obra!... Mas tinha certeza que o resultdo seria perfeito!


Quando Deus se deu conta e terminou o Inferno, já a prole de Lucifer era generosa! E há hoje quem não saiba o que lhes aconteceu, mas há quem diga que se olharmos para “os gestores de topo” por esse mundo a fora, nos mais diversos cargos, os podemos ver sem esforço de maior!

Abençoadas as entregas ao domicilio!

Com o calor que estava ontem, depois da ida ao ginásio, do almoço light no bar do sítio com vista para o mar azul brilhante sem ter que me preocupar com o bafo que por certo estaria lá fora, resolvi dar um mimo a mim mesma: comprei 2 pares de sapatos! Um deles já à jovem senhora de 30 anos (credo!)

E resolvi ir fazer as compras de supermercado com tudo o que de mais pesado tinha que trazer, ventoinha e tudo! E coloquei-me na caixa de entrega ao domicilio. Pouco mais de uma hora depois num serviço expresso que ainda tive a sorte de apanhar, as compras apareceram e eu não tive que bufar carregada com aquelas coisas pelas escadas acima com o calor que tem estado! :D

2006-05-27

O talhante em cada cirurgião

Já há muito tempo que cheguei à conclusão que nunca na vida conseguiria ser médica. O que em parte me aborrece pois o sonho de ir pela AMI trabalhar em sítios distantes fica desde logo morta à nascença!

Há mais de uma semana fui ao oftalmologista para verificar se estava tudo bem e para que ele me confirmasse aquilo que já desconfiava: “isso enquistou e vamos mesmo ter que tirar. Mas é coisa rápida, não custa nada. É só cortar tirar isso e dar uns pontinhos. Não custa nada!” E lá ficou tudo marcado e esta quinta lá fui eu pela hora de almoço. A minha mãe foi ter comigo, depois de muits insistências, pois já sabia que não ia propriamente custar nada, mas sabiamente ficou calada.
Tudo estava bem até ouvir a mulher do lado falar em agulhas. Agulhas??! Agulhas nos olhos? Isso não me soou muito bem... mas lá me repeti a mim mesma que era uma coisa pequena e que por certo não ia custar nada! Respirei fundo e levei todas aquelas gostas no olho direito até o mesmo deixar de me responder... até estar enevoado e até me sentir tão calma que todos os picos que me percorriam o corpo passaram a parecer fios a sair pelo meu corpo e num instante passei a ser a Alice a cair pela toca do coelho! E se eu adormecesse? E se me aconchegasse e simplesmente apagasse ? Há tanto tempo que não durmo assim... mas depois parte do meu cérebro disse que a cirurgia era no olho direito e que talvez eu tivesse mesmo que ficar direita e não dormir... não pensar em coelhos brancos apressadas, rainhas de copas e etc...
Lá fui empurrada para a sala de cirurgia a pensar que ia ficar maldisposta. E ficou um gelo de morte e pelo menos na minha cabeça eu disse que estava frio, mas a prometida manta simplesmente não apareceu! Só o médico que reconheci vagamente pela voz a dizer que agora vinha a injecção. Como assim, injecção agulhas?? Ok, respira, fica quieta, não queres que ele se engane, pois não? E Eis que começa... deixei de lá estar por certo... discussão versa o cartaz do rock in rio versus super bock... oiço falar em hemorragia, o estômago do assistente ronca ferozmente ao meu ouvido e eis que surge novamente a rapariga, uma compressa, imensa fita e de novo o empurrão.
Acabou... e já não estou na toca do coelho, mas também não posso dizer que tenha visto chapeleiros malucos diferentes dos que habitam Lisboa em dias normais! Mas este picar irritante, este arranhar! Como raio não custa nada??! A definição a aplicar deve ser a do paciente e não a do médico! Cortar a eito não deve ser difícil se não somos nós a ser cortados, mas um pouco de humanização à coisa talvez não fizesse mal! Assim algo como: “é uma coisa pequena, mas é natural que lhe faça confusão”...

Lá porque no manual de incisões é tudo straight forward, não é preciso aplicar as regras do homem do talho, certo?

2006-05-21

Um assalto de ti

Como uma vez disse à única psicóloga que tive (uma “relação” que não durou muito tempo), há homens que estão muito bem arrumados em prateleiras, com uma classificação adequada ao papel que têm para mim, na minha vida. Por exemplo, um professor é alguém com quem espero aprender, não está nem sequer a meio caminho de se tornar em alguém que me pode assaltar os sonhos de maneiras “menos próprias”. Quando o tentam fazer, regra geral, deixo de ser tão eu na esperança da coisa se arrumar sozinha e que tudo volte às prateleiras devidas! Ou como me disseram uma vez, lá vou eu do 8 ao 80 em menos de um fósforo!

Não posso dizer que sejas professor, mas sempre foste meio pai, meio mentor, meio guardião. Já reparei que estás mais perto que isso, e não posso dizer que saiba em que prateleira e talvez seja em parte isso que me incomoda. Isso e o facto de alguém me ter dito que talvez tu já soubesses a que prateleira quisesses pertencer e que nem os laços do supostamente correcto te prendessem! Teria que desejar que esse laços fossem de facto muito fortes para te manterem “arrumado”.

Depois disto, parte de mim passou a querer ler todos os teus gestos e palavras de um modo quase analítico, enquanto estranhamente, ou talvez não, uma outra parte de mim, quase se regozija com tudo isto! Como se de um momento para o outro a desarrumação das prateleiras fosse quase doce apesar do aspecto destoante que tem! E às vezes, não sei se sou eu que te chamo a dormir ou se és tu que vens assaltar o meu estado dormente! É nessas alturas em que me deixo ficar em território neutro sem querer saber quem chamou quem e apenas desfrutar do facto que estiveste comigo!

Não te ver

Já há algum tempo que não te via. E ontem não posso dizer que te tenha visto, apenas sei que eras tu porque mo disseram. Se contar a alguém que passei por ti, falei com quem ia teu lado e não reparei que eras tu, por certam não acreditam! Mais uma vez eu ia num sentido e tu no outro. Parece que estamos sempre em contra-caminho. A única coisa que não se repetiu desta vez foi o quase esbarrar em ti e só no último momento nos desviarmos e eu aperceber-me que és tu (sim, porque eu tenho cá para mim que apesar da repetição tu nem te apercebes que sou sempre eu!). Se calhar foi a ausência disto que não me levou a ver que eras tu! Mas disseram-me que tu deste mostrar de me reconhecer de certo modo... (será??!)

Gosto de pensar que num dos nossos quase choques um dia não vamos seguir em direcções opostas... Mas isso é para lá de um "suponhamos", é uma espécie de sonho, de desejo, da cantilena que me digo a mim mesma em surdina quando te encontro e ainda me sinto só. Algo que está longe,muito longe...

2006-05-14

Nem só de noite vivem os monstros

Sei que a mataram. Eles bem que me dizem que não, mas eu sei. Sinto-o. Sei também que houve outros, apenas não me consigo lembram de quantos, quem eram... sei que devia, mas não consigo! Eles olham para mim e afirmam categoricamente que não, que ela foi atropelada! Mas eu sei que não. Apetece-me gritar que sei que me mentem, mas a voz não sai.

Olho para eles e mesmo em pleno dia e ainda vendo a sua forma de todos os dias, começo a vê-los crescer para os seus 2 metros, o seu tom cinza mármore, as suas cabeças calvas, com as asas de morcego a nascerem das omoplatas e de garras medonhas. Sei que estão todos à minha volta, mesmo os que não consigo ver. Que tirando aquela zona de terra de ninguém onde vejo corpos humanos que ainda não estão transformados, sou eu e eles! Só eu me posso ajudar!
Fico indecisa. Provavelmente deveria ajudar os outros. Ainda não são monstros, quero acreditar que não são. Mas talvez seja só uma questão de tempo. Talvez a minha luta por eles seja em vão... Mas não me consigo arrancar dali para fugir. Não sem ter a certeza se os outros estão bem ou se estão perdidos para sempre!

Acordei.

Agora sei que estão longe. Por enquanto não me podem fazer mal. Mas sei que ainda vão voltar. A luta não acabou!

No dia seguinte não os reconheço, mas sei que nos querem mandar para a guerra, que nos querem usar como carne para canhão. A mesma história de sempre: os grandes mandam os pequenos andar na lama para não se sujarem e estes sujam-se para ver se têm direito a tomar banho para descansar! Sei que não quero ir combater. Aquela não é a minha guerra, já há muito que perdi a vontade de lutar. Que o faço em automático. Mas não consigo não estar expectante enquanto procuro o meu nome na lista... Deveria poder desertar, sair dali. Mas mais uma vez não consigo e não sei porquê.

Acordei.

Não fui destacada. Mas a guerra ainda não acabou! Ainda vai vir o dia em que tenho que vestir a armadura!

2006-05-12

Pudesse eu chorar assim...



Acho que hoje sou eu que preciso de adormecer com o smile no meu ouvido!:)

Inércia

As lapas apenas conhecem
a rocha que as sustém,
a água que as embala
e daqui tudo tiram
para uma vida regalada!
Alheias a tudo o resto
sortudas se consideram
até a sua final balada!

As conchas que largadas se vêem,
perdidas se sentem.
Pois boiar não sabem
e o empurrar do mar
nem sempre é doce.
Mas o seu olhar
já não se esquece,
do que por ele passou!

E porque não saber ser peixe?
O mar saber montar
e por ele a fora nadar?

A música de ontem

Porque me ajuda a relativizar, a não esquecer o quanto nos apoquentamos com coisas pequenas e porque ontem quando a cantarolei no caminho para casa, lembrei-me o quanto ela podia fazer sorrir um certo alguém!


Smile
Though your heart is aching
Smile
Even though it's breaking
When there are clouds
In the sky,
You'll get by
If you smile
Through your fear and sorrow
Smile
And maybe tomorrow
You'll see the sun
Come shining through
For you

Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear
May be ever so near
That's the time
You must keep on trying
Smile
What's the use of crying?
You'll find that life
Is still worth-while
If you just smile
Smile

Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear
May be ever so near
That's the time
You must keep on trying
Smile,
What's the use of crying?
You'll find that life
Is still worth-while
If you just smile
Keep on smiling
Oh yeah
Smile
Never, never, never stop smile
Smile

2006-05-08

Chegar...

Voltei hoje à lufa-lufa. Saí tarde e mais tarde cheguei a casa... cansada a pensar na sopa que deixei feita ontem (felizmente). A rua na confusão do costume com toda a gente em casa a jantar...

Vi ainda um bom pedaço do episódio da Medium e tendo em linha de conta que estamos a falar de uma série de entretenimento, vamos partir do pressuposto que o dom da Allison Dubois é real, assim como o facto do mesmo ser em certa medida hereditário. A par da história principal, a filha do meio encontrou um cão abandonado que levou para casa. E estava muito entretida a tomar conta do mesmo. O pai levou-o ao veterinário e ficou muito consternado ao descobrir que o cão já detinha uma venerável idade e pouco mais de uma semana de vida, a sua maior preocupação era como o ia dizer à filha. Quando se resolvem a fazer comunicação, ela responde simplesmente: “Eu sei. Assim que o vi. Ele é muito velhinho. Não disse nada porque não te queria ver triste!” Como se naquele pedaço, naquele sub-texto ela dissesse: “Mas achei que lhe podia dar miminho e não o deixar morrer sozinho na rua!”

Simplesmente delicioso! Já valeu a pena o sprint final da chegada a casa!


2006-05-04

Educação e Condução

São quase 19h de um dia solarengo. Já não faz calor, aliás sinto um pouco de frio... devia ter escolhido um guarda-roupa menos arejado.

Não resisti e fui ao Santini. Afinal tirei os dias para mim e já que não posso apanhar muito sol, pelo menos que faça outras coisas que me sabem bem! Ainda por cima tinha feito há pouco tempo uma aula de total condicionamento... por isso o mal não deveria ser muito. Aproveito para ir à casa de banho... já não aguento mais. Bolas! Está ocupada... respira e aguenta... é só mais um bocadinho... e lá saiu a senhora que me diz com um ar muito contrito “pardon” e eu sorri pensar que também não era caso para tanto. Afinal, não tinha demorado assim tanto tempo... é claro que quando entrei na casa de banho e respirei, tudo ficou claro! Bem que devias pedir perdão sim! Foge! Mas se fosse uma tuga o mais certo era ter demordo mais numa tentativa de enfraquecer o cheiro e ciente que muito provavelmente essa atitude não tinha surtido efeito, fugia a sete pés para que nunca mias a visse!

O gelado já está no fim... toca de andar tudo para trás até o carro... até tenho frio nos pés, nunca mais lá chego! E só me faltava não conseguir atravessar a estrada à conta de um automobilista nervoso! É claro que tive que espreitar para a ave rara: um toyota yaris, com uma cadeirinha para crianças atrás com um bebe de não mais de ano e meio e um motorista com apenas uma metade de mão no volante que partilhava com uma garrafa de cerveja enquanto a outra segurava o telemóvel onde deveria estar a manter uma conversa muito interessante para nem ter reparado na passadeira!

2006-04-25

O que se passa por cá... e no mundo.

Ontem à noite voltei a ver o telejornal por completo. Como digo às vezes a mi mesma e aos outros: reservo-me o direito de manter a fé na espécie human, logo não vejo o noticiário!

Mas ontem falaram-me da grande reportagem da SIC e pensei de mim para mim que era capaz de ser um bom sinal. Tendo em linha de conta que não há muito tempo, estava a fazer compras num hipermercado e uma das coisas que levava era uma caçarola pequena que fazia parte de um qualquer programa de pontos do estabelecimento que com x vinhetas, podia adquirir aquela mesma caçarola por metade do preço e sendo eu hiper-distraída, estava a milhas d o saber! Mas para meu espanto foi a rapariga da caixa que não só mo disse, como me deu as vinhetas todas daquela compra, para poder levar a dita caçarola mais barata! Fui a pensar com os meus botões que era uma atitude simpática!
Bem sei que que não tem comparação com o ajudar as crianças de Chernobyl, mas faz parte daquelas pequenas coisas de todos os dias que nos lembram que ainda é possível encontrar gente genuinamente boa!

E eis que me instalei no sofá a investir o meu tempo no que se passa em Portugal e no mundo:

  • O presidente da junta de freguesia da Pena, em Lisboa está em coma profundo e já foi operado duas vezes. Uma das funcionárias não está muito melhor, mas não foram os únicos a ir parar o hospital graças às agressões de um dos jardineiros com uma marreta!
    Eu bem sei que há por aí muita gente que parece que só entende a linguagem da porrada, mas quer dizer! Não me parece que nos estado em que se encontram, estejam em condições de entender ou aceitar seja o que for, boa?...

  • O presidente do Irão continua a apostar num braço de ferro “engraçado” com os países que se opõem ao programa nuclear iraniano, dizendo que estes são suficientemente sensatos para não cometer « um erro destes ».
    Talvez seja melhor treinar andar de bicicleta e perder o pavor de andar na estrada graças à minha ausência total de técnica! Sempre poupo no ginásio e na gasolina! Pelo andar d carruagem o preço ainda vai ter muito escalar!

  • Estância balnear no Egipto com 30 mortos graças a três explosões, pelo que percebi ainda ninguém tinha reivindicado o acto.
    Ainda faz parte dos meus desejos ver as pirâmides e tal. Agradecia que deixassem essa mania de explodir coisas em destinos que eu até gostaria de visitar, pode ser?
  • Os atendados com carros armadilhados de volta ao Iraque.
    Nada de novo Bush. Como vês, tudo está a correr de acordo com o teu plano. É melhor convenceres aí o teu povo do que os espera quando os mandares para o Irão!

Estou com sérias dúvidas quanto ao estado da minha fé na espécie humana. Provavelmente vou ter que fazer um novo intervalo ao telejornal!

2006-03-12

Espantalho de palha

De pano tosco o encheram
para que corpo pudesse ganhar,
de roupa velha o vestiram
para que de pessoa tivesse ar.
Ganhou cabelo de palha,
para ao sol brilhar
de pé conseguiu ficar
e lá se achava sem falha!
Como mexer não podia,
de cordas o rodearam
e a todos que o visitavam
os braços mexia!
E tão contente se achou
por se ver gente
que quase pasmou
quando viu quão diferente
as visitas recebeu,
pois as cordas perdeu!

O formador e o apresentador infantil

Desde que me lembro de pensar no assunto, sempre achei os típicos apresentadores infantis com um padrão que vai além da irritante boa disposição, com aquela articulação exagerada, como se quisessem ter a certeza que são compreendidos por qualquer atrasado mental! Alguém lhes deve ter explicado que as crianças são imbecis: é a unica conclusão possível! Possivelmente, na maravilhosa escola de formação capaz de uma formatação tão forte! Quem terá sido o mentor deste conceito fantástico??!

Mas numa sala cheia de gente disposta a aprender novos assuntos, de ouvir uma espécie de voz da sabedoria, não estava à espera de ouvir esse mesmo tom. Dou por mim a reagir mentalmente com a mesma aversão que quando a televisão me debita uma qualquer voz irritante de um programa infantil! Com a grande desvantagem de não ter um comando à mão! Ainda olho para o formador para tentar perceber se estava a ouvir bem, mas infelizmente não estava enganada.

Será que a escola de apresentadores infantis também tem um curso para formadores?

2006-02-22

Ide-vos

"Vinde, vinde",
Convidou alguém das altezas,
Confiante de saber novidades das belezas.
E eis que alguém foi,
De poucas certezas cheio,
De muitas mentiras recheado,
Indagar pelas novas
Que ainda não haviam chegado
Perdidas que estavam por temor do feio!

E eis que alguém foi,
Do feio fazer belo,
E do pouco dizer muito.
Tanto disse que quando se calou,
Muitos feitos realizou,

E eis que alguém voltou,
Trovejando sentenças,
Por meio de juras e promessas
De quem o convidou!

E o pobre, tarde chegou.
Quando à mesa se sentou,
Já só ouviu o troar
Do deus que imaginou
Pela boca do alguém
Que assim só mais cem,
Do nada inventou!

Quando se achou só,
Nem a mesa o probre viu
E o seu espanto ruiu:
Ide-vos, Ide!