2008-02-26

Quantos dos nossos pecados são apenas imaginados?

Manda a educação cristã que qualquer pensado de contornos pecaminosos que nos invade a mente, seja mencionado em confessionário para absolvição de modo a de alguma forma limparmos a intenção que nos invadiu, ainda que não tenhamos agido sobre a mesma. E invariavelmente, o tipo de associação feita em redor do “pensamento pecaminoso” aponta para o cariz sexual da coisa: “o cobiçar a mulher do próximo”, e não sejamos machistas, o “homem da próxima”!
Convenhamos: todos nós já pensamos em esmurrar alguém ou mesmo, rachar-lhes a cabeça ao meio e não nos vemos propriamente como homicidas! Afinal, é apenas um assalto momentâneo, quando alguém nos irrita para além da normalidade…

Mas as heranças da culpa católica de certa forma assombram mais quando nos vemos com lascívia, do que com um lampejo de gulodice, ganância, etc…

Talvez se possa assumir que existe um limiar que define a linha da imaginação salutar da que nos pode assombrar, ganhar peso e com isso mesmo ter vida própria e poder ser pecado. E de certa forma talvez seja mais sentida do que consciente, essa fronteira, de tal forma que a reacção de culpa surge como resposta automática, ainda que o pecado em si não tenha chegado a existir!

Dita a regra do confessionário que quem peca, assume o acto de contrição e a penitência correspondente, num pecado não consumido, diria eu que o arrependimento, se existe, bem como a culpa, se a existe, fica com quem deixa o pensamento ganhar forma própria… mas de penitência, em penitência, não há resolução!... talvez só cortando a raiz da cobiça, a consciência fique liberta