2006-08-31

O Libertino

Esta semana cheguei um doa dias cedo a casa... tinha “O Libertino" para ver antes de o devolver. Confesso que o retirei da prateleira por 3 motivos:John Malkovich, Johnny Depp e o ar nada americano daquilo!

O filme é marado, sem dúvida. Mas o prelúdio feito pelo Johnny Depp como Rochester deixou-me intrigada.. quem se presenta dizer que não espera que gostem dele, que vai apresentar-se como era e isso é uma forma crua, torpe, má!....

Toda a fotografia do filme tem um ar muito próprio entre o antigo e uma fotografia pintada, à falta de melhor comparação e que também contribuí para o ambiente de tudo aquilo.

Uma cena fantástica onde a personagem Elizabeth Barry faz uma descrição soberba da vontade de ser actriz que acho que serve perfeitamente toda e qualquer vontade de criar algo, de transmitir sentimentos.

E depois de tudo aquilo um epílogo também pelo Johnny Depp onde consegue repetir três vezes com uma força imensa “Do you like me now?” até desaparecer na sombra e se confundir com o vinho e com a face da doença me arrancou umas lágrimas.

2006-08-24

Idade da Inocência

Há pouco tempo acabei de ler o livro. Já o tinha há algum tempo e pegando nas lembranças que ainda tinha do filme de há mais de 10 anos (credo!) , fui lendo página a página, primeiro devagar e depois já com alguma ânsia, como quando queremos sorver algo com medo que desapareça...

Do filme guardei uma pontinha de tristeza porque O PAR não ficou junto, embora me lembre de ter sentido uma certa empatia com a situação... mas o livro é acima de tudo de uma crítica social tremenda. A sociedade nova-iorquina da altura é retratada ao pormenor, mostrando gente com a mania de ter que ser superior e distante da realidade decadente do velho mundo, pois não vale a pena descobrir um mundo novo, para o tornar igual ao outro!
É claro que ao lê-lo, Newland Archer não podia ser outro que não o Daniel Day Lewis, assim como a Ellen só podia ser a lindíssima Michelle Pfeiffer. Já a May, é retratada de uma forma tão desprovida de fibra, que é difícil imaginar alguém assim!

O livro também me deixou uma certa tristeza, mas pelo desperdício de tempo deles. Criaram uma ideia tão perfeita um do outro que cultivaram o amor deles nessa base, sem nunca guardarem no corpo o cheiro um do outro, sem gravarem os tiques e manias um do outro na sua mente.. e talvez por isso mesmo o amor ficou sempre intocável, puro... afinal é fácil amar a perfeição que se imagina de alguém! E mesmo no fim, quando já nem as amarras do “ser próprio” os podiam prender, creio que a ideia de destruírem o idílico cenário que criaram uma para o outro dentro de si, foi demasiado assustador...

E por isso fiquei com um gostinho amargo na boca!

2006-08-23

Todas as imbecilidades vivem de gastar tempo?

É uma coisa que acontece a todos, suponho, chegar ao fim do dia e perceber que1 hora ou mais foi gasta com um problema imbecil de resolução rápida, se alguém tivesse pensado mais, ajudado mais ou se simplesmente algumas coisas estivessem simplesmente bem feitas. Hoje tive um dia desses. Ainda por cima patrocinado por uma das divindades actuais que se senta no Olimpo lá do sítio (ou seja, administração).
Ainda por cima, por um daqueles assuntos, que nem sequer lembram ao menino Jesus! Mais uma pérola por certo ensinada nos MBAs que por aí existem e que nós, pobres mortais não “apanhamos”!

2006-08-20

Fazer os dias diferentes

Nem sempre é fácil. Os dias de trabalho tendem a começar quase sempre pela mesma altura, embora a hora de fecho, não tenha a mesma regra de relógio suíço! Há dias em que fujo só porque sim, para me lembrar porque gosto de mar, de gelados para matar saudades u simplesmente de não estar com mente analítica.


Ontem, depois de levar os gatos ao veterinário, de brincar com eles para mostrar que continuamos amigos como sempre, fui ao ginásio e depois resolvi tomar um gelado ao lanche. Passei por um carro com dois amigos que dançavam que nem loucos e que me fizeram sorrir, ainda mais quando percebi que era uma música típica dos 80's! :) E ao passar um deles fez-me adeus todo contente e eu respondi de forma igualmente alegre. E naqueles minutos, houve de facto uma energia espontânea. Não aconteceu mais nada, provavelmente porque não ia sozinha, mas valeu a pena o não ficar por aquilo que as minhas raízes de menina bem comportada ditariam! Penso que não eram portugueses, o que faz algum sentido... acho que a maioria dos portugueses ainda tem que aprender a cortar algumas amarras e perceber que isso além de saber bem, também faz bem. (E contra mim também falo, claro!)

2006-08-15

E pelo SMS foi perdoado...

Acordaram-me ainda mais de madrugada do que estava à espera e tendo em linha de conta o que estava escrito, houve quem também tivesse achado que a capa de super-mulher precisava de um descanso minimo para surtir efeito e o cedo não foi “ainda antes das galinhas”, por isso!
A juntar a isto, como se a carga de sono de um dia assim não bastasse, o Murphy resolveu dar um ar de sua graça e espalhar a sua influência ao longo do dia. Mas eu estava decidida a deixar outra parte de mim ocupar o tempo de antena! Escapei a uma reunião, à tangente; deixei parte de Roma arder, pelo simples facto de que mesmo que colocasse o fato de bombeira, nenhum camião tanque ia conseguir fazer nada... E desafiei-te para um mergulho na praia.

Foi um dos melhores dias de Guincho de que tenho memória... quase parecia naquela recta final que a escapadela estava condenada... para o tempo que lá ficamos o parque foi um tanto ou quanto carote, mas aqueles 30min dentro de água de onde só saímos porque eventualmente tínhamos que secar, valeram cada cêntimo! Aqueles minutos a secar ao sol, como se não houvesse amanhã, como se não houvesse tempo e onde as tuas palavras de “tenho que ter cuidado a oferecer-te ajuda, pois és uma mulher muito independente” estavam a ecoar ao longe na minha cabeça porque ali abandonada ao sol, não me achei assim tão nariz empinado...

E adorei particularmente a tua mensagem à noite. Como se tivéssemos feito um intervalo nas picardias, como se naquele bocado eu fosse apenas o “Clark Kent” e soube bem!:)

2006-08-09

Vestes gastas de super-mulher

Em jeito de brincadeira ando a dizer que no estado de arte actual onde me encontro, tenho que escolher uma super-heroína, pois como pessoa normal, não há a minima possibilidade de aguentar o ritmo e tempo e tipo de resposta esperados!
Ao saber o inicio de dia que me aguarda amanhã pelo rasgar do sol, quando o meu corpo ainda se recusa a reconhecer que é horário de responder, quanto mais o meu cérebro!, não posso deixar de pensar que por muito que me deseje ver como uma qualquer personagem dos X-Men, a minha dimensão humana não vai esticar para sempre!

E depois chega um SMS que em vez de nos dar conforto diz simplesmente, algo como: "aguenta e cala, pois obviamente aguentas o ritmo"! E eis que vem uma fúria de tempestade no meio do meu cansaço, como mais um suspiro de batalha que me invade: não posso eu parar? Tirar o raio da capa ao fim do dia e ser simplesmente mulher, arrumar o super??! E daí talvez não... talvez a capa já seja parte de mim, mas isso por si só tira-me o direito a ter alter ego?