2005-08-25

De que te queixas tu de manhã?

Há dias assim. Ou porque durante o sono fomos alvo de fantasmas cuja mensagem não conseguimos captar apesar de termos uma certeza profunda de que eles estiveram a conversar connosco, ou porque de vez em quando nos esquecemos das razões pelas quais não temos nada que inventar cavalos de Tróia, o coração parece que acorda apertado, pequeno, esmagado.

Hoje foi um desses dias para mim. Mas não há nada como levar logo um choque de realidade pela manhã para as sensações ganharem outra razão de ser! Eram cerca de 8:30 da manhã quando não pude descer a minha rua que já estava com carros parados estava alguém deitado na estrada. Um senhor magro, macilento com o mesmo género de roupa que o meu avô vestia. Já tinha sido chamada a ambulância, não consegui perceber se a situação já tinha acontecido há muito tempo ou não. Passando uns minutos o senhor fez menção de se levantar, como que varrido por um embaraço tremendo de se achar naquela situação e de sentir o peso de estar a incomodar e de pouco conseguir fazer sobre o assunto. O seu esforço foi tanto que o ajudaram a levantar pois estava bastante claro que as pernas não lhe iam obedecer o suficiente para que o conseguisse fazer só por si. Enquanto o ajudaram a sentar vi aquele mesmo olhar de abandono total que vi na última vez que vi o meu avô: uma vontade imensa que vem do mais racional que há dentro de nós para tentar fazer o mínimo de comandar o nosso corpo, só para constatar que o mesmo já se recusa a receber as nossas ordens!

Tantos azares que podem estar à nossa espreita e nós ainda insistimos em lutar com os moinhos de vento!

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