2006-07-08

O mestre das marionetas

A notícia espalhou-se depressa... toda a gente na vila já o sentia, mesmo antes de o saber: algo ia mudar! E assim, quando viram chegar o carro desconhecido não o estranharam, foi como se confirmassem aquele sentimento estranho na boca do estômago, aquele aperto sem razão aparente. Souberam que alguém tinha saído de dentro do carro, mas não o viram. Ninguém o saberia descrever, mas todos confirmavam que tinha sido um homem imponente, uma presença forte... tão forte que afastou todos os olhares de si mesmo e, ao mesmo tempo os prendeu a todos!

Passados poucos dias haviam vários panfletos em toda a vila a falar sobre a reabertura do teatro e de um inovador espectáculo de marionetas que iria ser apresentado.

Todos murmuravam entre si as novidades: "Só podia ser o estranho acabado de chegar".
Os mais velhos lembravam-se de ter visto o teatro aberto, mas já quase não o conseguiam descrever de cabeça e os mais novos apenas o imaginavam imponente, majestoso, belo! À medida que o tempo passava, todos contavam os dias, os minutos para a estreia. As lojas tiveram a melhor semana de vendas dos últimos anos! Todos queriam estar apresentáveis para o grande acontecimento.

Não foi espanto nenhum ver a vila inteira nos seus melhores fatos numa fila ordeira à porta do teatro no dia mais falado e esperado de sempre!

Assim que s portas se abriram surgiu o cheiro das obras, da pintura fresca sob o peso de uma sala cheia de histórias! Assim que entravam percebiam que cada um já tinha um caminho destinado a percorrer e num ápice se viram não na plateia, mas no palco com cordas presas nos braços e pernas, prontos a fazerem eles mesmo a peça que ia ser apresentada não naquela noite, mas até ao fim dos tempos! Seriam eles a fonte do entretenimento. Mesmo que não o quisessem, viam-se movidos por mãos poderosas algures lá em cima, longe dos olhares de todos! E a representação não seria para eles mas para o mestre das marionetas, a presença que tinha chegado no novo carro ainda há poucos dias!


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