2007-03-18

Saber filtrar a luz

O relógio marcava 14:30 de um dia desta semana, em que já cheira a primavera, descia pela avenida da liberdade, a uma hora em que já devia estar a trabalhar. Ver o céu azul de Lisboa, olhar para algumas fachadas de edifícios, deu-me vontade de ter a minha máquina fotográfica à mão e só o facto de pensar em fotografia, o que me lembrou de ti. O passear pelos canteiros, deu-me uma vontade irresistível de correr por eles, como se fosse criança, pelo simples facto de estar um dia bonito e não ter que estar fechada, no escritório e mais uma vez pensei na nossa conversa de precisarmos de quebrar com as coisas, de descansarmos do resto, fazendo algo diferente! E em parte, esse pedaço de lembrança, rasgou mais o meu sorriso!

Ao passar pelo Tivoli, o porteiro na sua fatiota janota, falou-me com um sorriso, penso que só pelo facto de ter passado por ele assim tão leve, enquanto motoristas esperavam à porta perto dos Mercedes, em fato escuro. Lá dentro, pelas janelas grandes vi senhores a terminar o almoço tranquilamente, alguns pegando no charuto ou cigarrilha com o ar de habitués, que me leva a pensar que para eles estar perto das três da tarde a falar tranquilamente ao fim de um almoço nada tem de extraordinário, ao contrário do que se passa comigo.

Mas são dias assim de luz, em que damos importância a estas pequenas coisas, que nos devem servir de barómetro para todas vezes em que são também coisas insignificantes que não nos deixam filtrar a luz, colocando-nos no escuro!

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