A maioria de nós, espécie humana tem uma má relação com o diferente.
Quando somos pequenos, isso nota-se logo: há os gordos, os caixas-de-óculos, os que não correm, ou os que vestem roupa mais suja ou que cheiram pior! Há sempre uma pequena lista daqueles que não podem estar no grupo dos outros!
Como me achei na lista dos outros durante a primária, no liceu nunca fui muito discriminativa, facto que em muito contribuiu para o meu karma de aves raras, cheira-me. Mas sempre me fez confusão condenar alguém à partida apenas porque o aspecto era mais assim ou assado. É claro que às vezes vi-me obrigada a constatar que muita daquela gente tinha de facto pancada e que talvez por isso fossem ostracizados, mas também havia muita gente que não era “descoberta”, simplesmente porque eram colocados na prateleira a não mexer antes que isso pudesse acontecer.
Hoje em dia, o tipo de distinções que fazemos é nalguns casos, mais subtil (só nalguns, é verdade, ou não fosse muito boa gente estar presa no pior da adolescência!)
Este fim-de-semana fui ao cabeleireiro. Marquei para o L. porque gosto do corte dele, porque não me lava a cabeça como se estivesse a esfregar roupa num tanque e porque é divertido e expressivo, sendo mudo!
Quando cheguei, ele não estava à vista e depois de n peripécias que o resto dos cabeleireiros fizeram , convencidos que eu ou era cega, ou surda ou talvez apenas parva, par o chamar, pude constatar que nem aquelas pessoas que todos os dias trabalham com ele tinham estabelecido o básico: um código minimo de entendimento para o chamar em caso de necessidade, quando ele não está à vista! É claro que baterem na porta, não ia surtir muito efeito, certo? Então que tal, pensar um pouco em vez que achar ridículo o facto de ser necessário fazer passar uma folha A4 de letras garrafais para que ele pudesse ler??! é assim tão difícil treinar um bocadinho de tolerância?!
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