2008-05-19

Ritos

Tal como dizia a raposa ao principezinho, sobre os ritos:

«(…) É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!(…)»

A semana passada dei por mim a aceitar o jornal “Meia-Hora” em automático. Aceitei-o com o mesmo pensamento dos últimos tempos: vou levá-lo para que o leias, já que é o teu preferido. Este gesto, tão irrelevante, tão pequeno e tão leve já era para mim uma espécie de rito. A minha maneira de te mostrar que me lembrava de ti. E já não me lembro se foi o meu cérebro a lembrar-me primeiro que já lá não ias estar para te entregar o jornal ou se foi o meu corpo, com o sorriso triste que se me rompeu no rosto enquanto segurava no jornal… e se tinha dúvidas se teriam ou não sido criados laços, as mesmas desapareceram com a certeza de que um acto tão banal como a entrega de um diário “à borla” estará sempre ligado a ti, não um diário qualquer, mas aquele que elegeste como o teu preferido! E apesar da mossa inicial ter sido logo notada, valendo-me a tentativa do vitupério temperamental, também eu sei, por estes pequenos nadas que me lembram de ti, estes “pequenos trigos”, que fui cativada e não tive que pedir por favor!

Obrigada!

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