2003-09-22

Cenas desgarradas

Vejo à minha frente um pequeno barco a remos, pintado de verde. Nalgumas zonas do casco já se vê a madeira. Apenas umas tiras pequenas onde o tempo e o sal comeram o verde, como que pinceladas de uma outra mão. O barco vai pesado, quase a tornear com os três pescadores lá dentro a fazerem as suas danças rotineiras procurando manter o equilíbrio com os pequenos empurrões e safanões do mar. Pelo movimento deles imagino que estejam a mexer nas redes. E o movimento das gaivotas dá-me razão. Rodopiam em torno do barco, dentro de água, perto do casco ou no ar em torno das cabeças dos pescadores num choro contínuo a pedinchar peixe! Sempre confiantes que alguma coisa vai surgir baseadas, talvez, num resultado empírico já apreendido pela sua espécie.
Mas o barulho que me chega aos ouvidos traz-me o resto do cenário, ao longe os cargueiros ganham de novo corpo, tal como o comboio para Lisboa, onde é mais difícil criar estas aguarelas soltas das imagens que vemos.

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