2006-11-23

marcas


Não me recordo do principio,
lembro-me dos preparativos,
da cruz e mesmo os pregos.
sempre com mesma calma que tive desde o inicio

Enquanto tudo arranjava,
e apenas no paraíso pensava,
preço pouco me aparentava,
ver que ao crucifixo a mim mesma condenava

Quando para ti olhei,
tudo ficou negro em meu redor,
e num arrebatamento de dor
as chagas que me esperavam vislumbrei.

E enquanto não fui vencida
pela imagem da terra prometida,
o teu calor bastou para a cruz não me arrastar!

Na ânsia do sacrifício,pelo direito ao paraíso,
castiguei-me não partilhando o momento contigo.

Ainda hoje carrego as marcas dos pregos que insistem em não fechar,
como paga de um oásis que nunca cheguei a alcançar!

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